quinta-feira, outubro 28, 2004

Tô indo ali... conhecer coisas novas, rever amigos, fazer programas legais e ver uns showzinhos que não podia perder... e de quebra antecipar minha recaída anual da síndrome de Rivet.
Até a volta.

domingo, outubro 17, 2004

Já que vai ter que fazer a barba pelo resto da vida, aprenda a apreciar a sensação de uma lâmina bem afiada percorrendo seu rosto.

sábado, outubro 16, 2004

Sofia Coppola passou a ser considerada uma cineasta de talento, reconhecida pelo trabalho em Encontros e Desencontros. Deixou de ser a filha de um cara chamado Francis; condição que foi muito comentada na época do seu primeiro filme, Virgens Suicidas. Sei que tem gente que não gosta muito desse primeiro filme dela e, no entanto, adora o segundo. É possível que exista alguém que prefira Virgens Suicidas, e provavelmente deve ter quem ache os dois filmes bobos. Na verdade, os filmes são bem diferentes, e apesar disso, tem gente que ama os dois. Enquanto o primeiro é contado através de lembranças, fugindo totalmente do realismo, carregando, ora na caricatura, ora nos estímulos sensoriais; o segundo mostra a reação de dois estrangeiros a Tóquio, que muitas vezes parece ser irreal, mas não há como negar as experiências. A trama de um pode parecer frágil, o outro parece nem ter uma trama, sendo montado em cima de situações. O fato é que, Sofia Coppola se vale menos da história, preocupada em desenvolver o filme em outros níveis: personagens, diálogos e imagens, principalmente na relação entre imagem e música. Estes são os pontos em comum dos dois filmes, utilizados de acordo com a orientação de cada um, mas com o mesmo tipo de instrumentos.

Dos pontos de convergência entre os dois filmes, chama atenção a capacidade da diretora em filmar figuras femininas. Mostrando suas personagens com afeto e intimidade, Sofia nunca descamba para o mau-gosto ou para o romantismo água-com-açúcar. E fazendo parte desse seu olhar sobre figuras femininas, podemos incluir também o clipe da música I Just Don't Know What to Do with Myself, interpretada pelo White Stripes. Enquanto Lux Lisbon é um espectro de uma presença física que assombra um grupo de meninos que estão descobrindo quão "práticas, sonhadoras, frágeis e atrevidas meninas realmente podem ser" (citando KMF), Charlotte é mais... "real", é uma menina que cresceu mas ainda não sabe o que quer, é talentosa e inteligente, mas parece perdida na vida, e é capaz de mostrar seus sentimentos e guarda-los para si dependendo da situação. Já Kate Moss é uma projeção, um ícone da beleza feminina incorporando uma fantasia de mulher sedutora.

E antes que algum discurso feminista venha criticar tais retratos, é importante perceber essas personagens como comentários sobre a situação da mulher contemporânea. Nada melhor do que uma jovem mulher cujo trabalho já ajudou a derrubar barreiras impostas por uma cultura, digamos, "machista" (foi a primeira mulher indicada ao Oscar de melhor direção o que pode não ser muito) e consegue ir se desvinculando da influência de um patriarca (o que, no caso de ser filha de um dos maiores cineastas americanos das últimas décadas, certamente não é pouco).

É possível mostrar a relação delas com as figuras masculinas. No caso das irmãs Lisbon, a presença de um pai alienado as deixa totalmente a mercê do fervor religioso da mãe. Quando Lux se deixa seduzir pelo garoto mais desejado do colégio, num jogo muito interessante de conquista e de poder, as meninas são isoladas do mundo e podem contar com a ajuda dos garotos que as idolatram para fugir da solidão. Acontece que nessa dinâmica de tão-perto-tão-longe os sentimentos dos meninos só servem para torna-las cada vez mais distantes e deslocadas do mundo.

A desorientação de Charlotte é materializada quando ela vai a Tóquio acompanhando o marido que está a trabalho. Sua solidão fica evidente na sua dificuldade de se adaptar ao fuso-horário e em suas caminhadas pelas ruas de Tóquio (existe algo de flaneur nela durante suas andanças pela cidade, embora o termo originalmente só fosse usado no masculino). E sozinha, ela acaba esbarrando com o também solitário e perdido Bob Harris.

A dança de Kate Moss (na falta de um nome para a personagem) também demonstra uma relação com alguma figura masculina, uma vez que a expressão corporal remete a certos clubes destinados a homens (embora não exclisivamente, mas certamente algo que surge dessa cultura). Acontece que a música, cantada pó Jack White, fala sobre o mesmo sentimento de solidão, que no caso seria facilmente arrefecido com a presença da dançarina. Porém esta, na verdade, não está ali para lhe fazer companhia. Ela está apenas lhe emprestado sua imagem para servir como inspiração, mas jamais está se oferecendo como objeto.

segunda-feira, outubro 11, 2004

uma pessoa má
não tentem se iludir

sexta-feira, outubro 08, 2004

"Eu não freqüento clubes que me aceitem como sócio"
Groucho Marx