quinta-feira, janeiro 30, 2003

sexta-feira, janeiro 24, 2003

coisas para se pensar numa manhã cinza de janeiro
...poderia ter trocado tudo por horas de sono e talvez tivesse alguma vantagem nisso
se tiver que ficar meio-dormindo-meio-acordado não vai ser de todo ruim não vou sa-
ber o que é sonho e o que não é e, no caso, poderia ser um sonâmbulo escutando
sigur rós "nunca mais fui o mesmo depois daquele verão" só que faz vários verões
que eu não sou o mesmo e talvez eu possa ter voltado a ser o mesmo depois de
mudar tanto e tanto tantas vezes mas eu nem acredito que vá fazer alguma dife-
rença o "escolher o homem que vai ser para o resto da vida" eu perdi quem gos-
taria de ficar próximo e nem sei mais se existe quem eu poderia ser sei apenas
fazer coisas que eu não faria não me torna outra pessoa apenas muda a nature-
za destas mesmas coisas poderia escrever tudo em uma simples frase mas es-
se não seria eu
como não seria eu se escrevesse textos mais ou menos
curtos fazendo mil referências é mentira quando dizem que poderia ser qualquer
coisa que quisesse eu nem sei mais porque fico triste ou chateado então esco-
lho qualquer motivo que preencha esta lacuna que alguém já rasurou e é tão difícil
b manter tudo no lugar quando não há lugar para tudo então que me esforce em
l fazer as coisas que esperam que eu faça pois pelo menos alguma recompensa
i por isso eu receba viu? nem era para ter chegado tão longe e agora que eu
s cheguei tenho que fingir que é isso mesmo ou ir para outro lugar mas estou
s muito l onge se for o caso repita várias vezes até aprender e se foda se achar
que é o a joguinho do contente tudo fica bem no final então saiba perceber o final
e nem l invente de recomeçar nada só se for para ser diferente e sem medo de
merepet i r vou vivendo fazendo coisinhas que dêem pistas do que sou agora para
no caso de no futuro alguém que eu venha a ser quiser entender o desimportante

segunda-feira, janeiro 20, 2003

Vidraças do mundo, tenham muito cuidado!
Feel the horror

quinta-feira, janeiro 16, 2003

"Don't be so mature, ok?"
:)

terça-feira, janeiro 14, 2003

Neste momento, faço o que não devia fazer, mas não tem nada para fazer no momento.
Faço para não pensar no que não deveria pensar. Só que acabo pensando, porque é sobre isto que não deveria pensar que o que estou fazendo é. Então acabo fazendo, quando não era para fazer outra coisa, que não existe no momento, e pensando em algo que é necessário para fazer o que faço agora, mas não era precisa nunca pensar nisso. E para evitar pensar o que não devia, estou ocupando a mente com uma tarefa que me leva a pensar exatamente nisto.

O terceiro homem
Onde não precisava ter nenhum
E dois são especiais demais para não fazer parte
E eu sou apenas eu, o terceiro homem


Meu monitor pifou. E para não ficar sei lá quanto tempo sem mandar por essas bandas resolvi escrever qualquer coisa que não devia. Falar de como o tempo está quente e as estradas esburacadas. De uma febre que surge de vez em quando ou de uma noite de medo, mal-dormida, portanto. E dizer: "que legal" alguém leu algo que estava precisando. E por causa de tudo aqui eu pude saber como é ter uma fã. E também saber o que uma pessoa muito próxima acha do que faço, sem nunca ter tido coragem para me dizer. Alguém não pode esquecer que gosta tanto de ler isto aqui. Outra pessoa pode dizer, viagem. Copiar algo daqui em outro lugar. Bom, se for verdade, e seu eu mesmo fiz isso tudo, devo dizer: não foi nada. Nada mesmo.

sexta-feira, janeiro 10, 2003

Decidi dar um tempo, hoje, para sentir coisas acontecendo a minha volta. Deixei de lado a leitura instigante de A Ilha – sei que Huxley me perdoaria, a panorâmica nos Seis passeios pelos bosques da ficção de Eco, este certamente nem daria a mínima para o que eu faço ou deixo de fazer e dei folga aos meus personagens. Um pouco para tomar contato com pessoas de verdade, observá-las falar e ouví-las passeando por lugares que sempre estão lá, mas principalmente para aproveitar, simplesmente aproveitar a vida. Em meio a todos os assuntos e todas a visões destas horas jogadas ao leu, vez por outra vinha a minha mente as famosas conferências Norton que todo ano leva alguém cuja a obra tenha relevância a apresentar um cíclo de seis conferências em Havard. As conferências apresentadas por Umberto Eco estão reproduzidas nesse livrinho citado no começo do parágrafo, meu único contato mais “direto” com tais explanações (o professor usou uns trechos do livro no qual as coferências de Italo Calvino estão presentes em um trabalho, mas é melhor não contar com este episódio, pois não tem muita relevância).

Acho que já falei antes do meu senso de realidade distorcido, pois bem, pus-me a imaginar as minhas seis coferências Norton, que jamais vão acontecer. Um motivo simples para isso, ninguém se prepara para as coferências Norton, ninguém estuda, pesquisa e pensa tendo como objetivo único ser convidado a apresentar o cíclo. Não, essas pessoas passam a vida se dedicando as suas obras, no intuito de contribuir para a formação de conhecimento da humanidade e coisa e tal. Imagina uma banda formada só para participar de um festival hype, um Abril pro Rock ou um Reading da vida, ainda que essa banda chegasse a se apresentar, não sairia do lugar, não seria nada além de um afago no ego de seus integrantes. A arte não deve ser usada como vingança pessoal, nem como realização íntima de um desejo. Pelo menos não reduzida a isso.

Mas voltando, minhas conferências teriam o nome de 6 vezes perdido nos labirintos dos clichês. Sim, falaria de como os clichês da ficção afetam nossa existência. A vida está cheia desses clichês que sempre buscamos ofuscar por trás de uma busca extraordinária por algo maior. Não, não é o caso de achar tal busca desinteressante ou desnecessária. Mas, antes, o caso de mostrar como são os cliches a base de tudo. O clichê da mãe protetora, do aluno esforçado, da criança feliz, do trabalhador exemplar, do bêbado consumindo a própria vida, do amor não correspondido, dos momentos de afeto. É mais ou menos esse o objeto de meu estudo. Quero saber do ordinário, do patético, do ridículo, do banal, do que ninguém vai se emocionar se acontecer, mas acontece mesmo assim. A tarde de Sábado preguiçosa na rede, a comida simples feita por você mesmo para você mesmo, a pipoca quente e um bom filme na TV – grata surpresa, o livro emprestado com grifos, o disco que se escuta todo dia, das fotos tiradas num dia qualquer, uma pessoa que sentou do seu lado lhe proporcionou uma boa conversa, o mal cheiro de alguns lugares e o agradável aroma de outros, as noites escuras, as noites de lua cheia, céu estrelado, sol escaldante, calor inclemente, manhã chuvosa em baixo das cobertas, leite achocolatado e ir pro trabalho, pegar o ônibus, chegar atrasado, chegar cedo e ficar sozinho, os bons momentos em silêncio, as conversas planejadas que não se planeja, quadros que se ver em qualquer canto...Enfim, como isso tudo afeta a gente? São essas coisas, esses clichês, sempre apresentados nos textos, nas músicas, nas conversas e discursos, nos filme e nas peças... que acabam constituindo parte importante da vida da gente, parte que precisa existir para que algo fora do comum aconteça, e até o fato desse fora do comum acontecer não passa de um clichê também.

Talvez leve muito tempo para concluir esse pensamento, e mesmo quando estiver pronto, não será apresentado num ciclo de conferências, mas enfim, mais um clichê da vida é que a gente precisa centrar um pouco nosso olhar em uma direção, pelo menos de vez em quando. É preciso olhar ao redor e olhar as redondezas, olhar para o chão de vez em quando para olhar para o céu, saber para onde se esta indo no caso de querer mudar de direção em algum momento... E isso tudo me deu sono.

terça-feira, janeiro 07, 2003

Momento literatura superficial X música pop

Calma violência

a um amigo


Estou aqui por causa de um sujeito que carregava um saco de papel marrom numa noite escura. Eu estava andando absorto em meus pensamentos, indo em mil direções ao mesmo tempo, quando o rapaz, correndo, aproximou-se por trás. Virei-me assustado e depois ocorreu o golpe rápido e certeiro que fez o crânio encontrar os paralepipedos da rua.

Devia saber que não se fica tão perto de um homem que leva grande quantia em dinheiro e pensamentos sobre histórias de apropriações violentas do patrimônio alheio. Os pães rolaram pelo chão. Provavelmente estava com pressa para voltar para casa e jantar com a família. Não o culpo. Não tinha como saber o que eu levava dentro da minha bolsa.

quarta-feira, janeiro 01, 2003

... aos pés
pés com friopés na praia