sexta-feira, agosto 30, 2002

Dizem que um dia o pessoal do Pink Floyd simplesmente não foi pegar Syd Barrett para um show da banda e ele nunca mais fez parte do PF. Essa foi a forma que encontraram para resolver a situação sem chegar e dizer "Syd, você é Maluco" e talvez emendando com um "desculpa dizer". Simplesmente não foram pegar o cara, como devia estar acertado. Sei que é uma história muito sem substância material, dificil acreditar que foi assim, ou que só isso bastou para tirarem o principal compositor do grupo. Mas acho que é uma história que vale pela força emblemática.

Alguém que você conhece, com quem trabalha, não está muito bem, o que você faria? Tentaria ajudar? Ou se afastaria? Faria isso acreditando que era a melhor forma de ajudar?

Eu não sei responder essa pergunta. Na verdade eu não fiz nenhum esforço para chegar a alguma conclusão. O que fico pensando é em Syd Barrett. Em como ele deve ter se sentido quando alguém chegou para ele e disse: "Foi mal, você é louco e é melhor eu me afastar de você". E mesmo que não tenham dito. Como uma pessoa se sente quando não passam para pegá-la? Fico pensando se ele demorou a perceber e tal... Alguém pode dizer que isso não é importante... o que importa é a obra do cara. Já por mim eu não sei, mas, apesar de gostar muito das coisas que ouvi de Barrett, não consigo não pensar no estado dele. Porque, no fim de tudo, o cara é um gênio, mas foi julgado por causa da sua maneira, digamos, peculiar de ser.




:: blog de lilo. ornette-coleman-meets-sonic-youth-in-a-phil-spector-wall-of-sound-remixed-by-frank-zappa-using-hi-tech-protools-and-vintage-keyboards. mais ou menos isso. [>]

Um dia desses (sendo impreciso por puro estilo) comentei com alguém o fato de no Laça Burger ter mesas para uma pessoa. O que não deixa de ser uma invenção interessante. Porque pode acontecer de alguém ter parado lá para comer e se encontrar desacompanhado aí não vai sentar numa mesa que tem pelo menos outra cadeira e ficar observando-a vazia. O cara senta numa dessas mesas, que por sinal fica de frente de um banco contínuo com várias mesas desse tipo, e come seu lanche. Isso porque normalmente as pessoas estão sozinhas. E não me interessa se isso é bom ou ruim. Tô pouco fudendo pra isso. O fato é que é algo que acontece. E acho até bom, de certa forma, que alguém tenha atentado pra isso.

Pois é... a alguém que esteja achando ruim, eu pergunto: quando o único lugar diponível é uma mesa que já está ocupada por uma dessas pessoas solitárias, você não tem algum receio? Então... no fim de tudo a culpa pelas mesas para uma pessoa é sua.

domingo, agosto 18, 2002

Notas sobre um final de semana
Festa no garagem, eu colocando som (Right off de Miles Davis logo de início). Poucas pessoas. Acid-jazz, mais pessoas começam a chegar. Rock, a festa começa a bombar. Black-music, pessoas dançando e outras conversando no meio da rua. Mãos geladas. Mãos quentes. Muita gente conhecida. Lapada de cana. Tontura. Providencial batata-frita, porção de carboidratos para forrar o estômago. Conversa sobre como as pessoas mudam, ou mudam nossa visão sobre as pessoas. "Por isso Deus só pode ser Woody Allen" para mostrar como a vida é cheia de ironias e humor ácido. Volta pra festa. Dj H. Dançar muito. Depois descansar. Sentar e esperar a hora de ir. De volta ao Laça Burger. Breve dialogo sobre ter que decidir. Sanduíches, Coca-cola, Nuggets, molho rosé. A parte do molho rosé é bem mais grotesca. Acordar bem tarde no sábado. Comer. Fazer nada a tarde toda. Dormir. Organizar a ida para a festa. Estresse com relação aos meios de transportes no ambiente familiar. Festa no universinho. Poucas pessoas. Conversa sobre relacionamento, universos paralelos, atração por outras pessoas... Musica legal, Dançar. Refrigerante. Batata-frita. Lição de inglês. Problemas no som. Luz que dá uma aparência saudável às pessoas. Dançar. Solo de Theremim. Mão gelada. Carro de Daniel. Procurar os documentos. Descobrindo novos caminhos. Caminho barra-pesada. Lombadas. Carol dormindo no banco de trás. Breve conversa sobre o clipe. Mateus andando pela rua Amélia. Quarto. Tentar dormir depois de escovar os dentes. Cabeça tentando entender certas coisas que aconteceram poucas horas antes. Certa preocupação. Domingo de manhã. Sono. Panela de doce de leite em cima do fogão...

segunda-feira, agosto 12, 2002

Tem aqueles momentos da vida que as coisas tomam um rumo que... É muito irônico... Acontece algo e você tem vontade de dizer: "viu só? é assim que as coisas acontecem para pessoas como nós". Mas você não diz nada. Pra quê dizer e fica se sentindo uma pessoa menor ainda? Você só apela para a intelgência das pessoas capturarem essas ironias.
Alguém quer chocolate?

domingo, agosto 11, 2002

Esta foi uma semana bem Spielberguiana. Não pelos acontecimentos, que foram bem normais, mas porque fui ao cinema ver dois filmes dele mesmo. O primeiro foi Minority Report: A Nova Lei, que tava querendo ver desde quando soube do projeto, pois achei muito estranho Spielberg fazer um filme com uma trama desse tipo. O filme é bom, como eu esperava. Tem uma trama muito interessante, do mesmo escritor de Do androids dream about eletronic sheeps? - romance no qual se baseou o roteiro de Blade Runner, sobre um policial que trabalha numa divisão onde os crimes são resolvidos antes mesmo de acontecerem (quem quiser saber mais sobre o filme vai no IMDB ou no adorocinema.com). A trama do filme se baseia numa conspiração: o policial aparece numa das previsões de assassinato. A impressão que tive do filme todo é que toda a história é concreta, deixando qualquer tipo de abstração em um distante segundo plano. As memórias são hologramas (que têm um suporte concreto), as previsões viram vídeos e geram nomes gravados em bolas de madeira. Tanto que uma das coisas que mais me chamou atenção no filme foi a visão do futuro, com leitores de íris em todos os cantos, e publicidades personalizadas seguindo as pessoas, e os carros que se dirigem sozinhos, e a forma como a lei é aplicada de forma rápida. Esse 'concretismo' é interessantemente incomodo num filme sobre imagens. Mas também não é só isso, o filme tem uma trama de conspiração que é bem movimentada, com troca de identidades, manipulação de informação e tudo mais. O final é aquela coisa Spielberg, embora tenham me dado outra explicação que também faz muito sentido. Quando vi, achei a última cena muito bucólica demais...

photoO outro filme dele que vi foi ET. Bom, esse todo mundo já deve ter visto e deve saber também que ele voltou ao cinema em comemoração aos 20 anos da estréia. O legal dele é que continua sendo um ótimo filme de família, sem ser um filme bobo. O começo tem uma das cenas que dão uma sensação de medo e angústia enorme. A as partes emotivas são singelas e sinceras. Na sessão tinha algumas criancinhas, provavelmente assistindo pela primeira vez, levada pelos pais que certamente já tinha visto o filme antes no cinema. A cópia era legendada, mas a crianças pareciam entender bem o filme e sempre faziam perguntas 'engraçadas' e com uma visão bem particular da história. Sabe o sentimento que fica depois de rever ET (foi a primeira vez que vi no cinema)? Tipo, quando você volta para um lugar que você só conheceu quando era criança... a imagem que você tinha deste lugar era de que ele era enorme e havia vários detalhes que você não entendia mas imaginava, aí quando você volta lá vê as coisas como elas realmente são. Bom, no caso de ET, você vê um filme realmente bom, mesmo depois que você se torna uma pessoa interessada em cinema e vê filmes adultos e complexos.