sexta-feira, dezembro 09, 2005

uma trilha para o retorno de saturno

One last question: What's better about being 28 than 18?
Everything. Just... everything.

eu provavelmente não tenho mais idade para que uma cantora pop seja assim tão importante para a minha vida, mas me parece que Extraordinary Machine é um disco que eu tinha mesmo que ouvir nessa fase da minha vida. eu lembro que o disco anterior dela, When the pawn..., foi um dos discos que eu mais ouvi na minha vida, ouvia praticamente toda a noite e mais de uma vez. na época eu estava escrevendo um roteiro de um longa - eu tinha colocado na cabeça que ia passar a vida escrevendo roteiros de madrugada, tomando café e acordando tarde -. nessa época ela namorava com o PT Anderson, que já era um dos meus diretores preferidos, mas foi tudo uma feliz coincidência. sei que pouco tempo depois ela sumiu, e a vida continuou. eu não esperava mais que ela voltasse a gravar discos. vez ou outra aparecia na interne alguma gravação lo-fi dela cantando standards acompanhada por Jon Brion em um clube de Los Angeles chamado Largo...

eu não sei as razões que levam alguém a gostar de um disco (inclusive esse afeto relacionado com alguma forma de expressão ou representação é algo que eu gostaria de estudar), mas eu acho que mais de 50% dos motivos de qualquer pessoa gostar de algo assim (seja uma música, um livro, um disco, um filme, uma fotografia, um outdoor...) não faz parte do objeto, mas sim de quem o aprecia. não que eu não ache o trabalho da Fiona musicalmente interessante, pelo contrário, e esse disco mostra que ela tem algum tipo de assinatura musical, afinal foram três discos com produtores bem diferentes entre si, e mesmo assim é, de fato, um disco da Fiona Apple. não dá pra dizer que é pelas letras que trazem aquele fascínio, por ser uma mulher falando sobre a vida dela e sobre coisas que eu nunca vou entender de verdade, e alguma identificação, por ser uma pessoa que tem a mesma idade que você e passa pelos mesmos problemas de indefinição da vida. vai ver, no fundo é por causa da Fiona mesmo... porque era impressionante aquela menina tão vulnerável dizendo que havia feito mal a um homem delicado que a amava enquanto deslizava de calcinha por uma casa cheia de adolescentes também em roupas íntimas... e agora é no mínimo reconfortante que ela virou essa mulher, talvez ainda vulnerável, mas agora com algumas certezas sobre si mesma e sobre como encarar a vida daqui por diante...

sei que pra muita gente Fiona é chata. e provavelmente eu corro um enorme risco de ser mal interpretado escrevendo isso aqui... ou não, porque eu nunca neguei que sou chato também. o fato é que música é pouco para você tentar definir uma pessoa. quando alguém que eu nunca esperaria que pudesse gostar da Fiona diz pra mim que gosta é algo que não deveria me surpreender.

quarta-feira, novembro 23, 2005

a infraero informa...

é isso. daqui a pouco estou embarcando com destino a são paulo. o motivo da viagem são os show do sonic youth, flaming lips, iggy pop, fantômas e, de quebra nine inch nails. o motivo de ir com certa antecedência é pra fugir um pouco da rotina e ficar sem fazer nada lá em sp. dessa vez eu tô indo sem planejar muita coisa. sei que vou ficar na casa de gabi e paulinho. sei que vou querer ir ao cinema. e vou sair pra comer também. e que sábado vai ser rojão.

eu volto na segunda, a noite. então, até lá.

sábado, novembro 19, 2005

então

. domingo passado foi meu aniversário
* fui pra itamaracá com o povo, no sábado, e voltei no domingo para ver minha família - principalmente minha mãe. ainda fui comer sushi com jarmeson, e depois fui tomar sorvete de pistache com tomaz e luciana. na segunda voltei pra itamaracá com aline e voltamos todos na terça.
- quarta fui almoçar com tomaz, luciana e julie no lalatesh. o carpaccio estava muito bom.
+ vi cinema, aspirinas e urubus, também na quarta, depois de ter perdido a primeira sessão e quase perde a última. deixei para ir na última porque encontrei camilia (k-mila), no shopping e ela disse que iria a noite com pajé. então fomos os três. gostei mesmo do filme.
/ na quinta eu vi, finalmente, hora de voltar. briza havia me dado a dica da superfilmes, locadora sobre a qual já tinha recebido e-mails de renatinha e buí. o filme é muito bom. provavelmente eu vou escrever mais sobre ele. e na sexta eu assisti de novo, dessa vez com comentários de Zach Braff e da Natalie.
% fui almoçar, na sexta, com as pessoas do trabalho: marconi, jarmeson (sim, jarmeson é uma pessoa do trabalho), fábio araújo e alê. comi bife acebolado no royal. bife acebolado... ora como as coisas mudam.
& a "janta", na sexta, foi um falafel dividido com k-mila, no central. já comi melhores, lá mesmo. o suco também não estava bom. mais tarde voltamos lá pra tomar sorvete com vodka.
$ na sexta também teve shows na rua da aurora. fui mais pelo mellotrons, que é uma banda que eu gosto muito. mas vi RdO, que por sinal tá lançando o disco e tem "meu nome" nos créditos.
= essa semana começou a mixagem do cd do profiterolis. não deu para aparecer por lá, mas devo filmar alguma coisa da mixagem pra o documentário sobre essa pérola fonográfica.
! no mais, eu soube, não sei precisar o dia, mas foi essa semana, que o fantômas - isso mesmo o FATÔMAS - vem tocar no claro que é rock. bom, eu já ia ver flaming lips, sonic youth e iggy, e mesmo assim, 2005 ia ser o ano que o fantômas não veio. só que agora vai ser o ano em que eu vi o fantômas. não vai compensar por eu não ter ido ver o FNM no geraldão (caralho! o geraldão) mas vai ser muito muito muito...

sexta-feira, novembro 18, 2005

Curta-metragem A CONTA-GOTAS na Fundaj

segunda, lá no Cinema da Fundação, tem o lançamento de A Cont-gotas, curta dirigido por Daniel com produção da Colônia Filmes, Símio Filmes e Rec Produtores. Começa às 20h.

eu escrevi o roteiro junto com Daniel. é sobre um cara que vive apenas para cuidar de sua mãezinha em estado terminal - sobrevivendo à base de remédios controlados. tem Olimpío Gonçalves (john oates recifense) no papel principal e Socorro Raposo, interpretando a mãe.

vai ser exibido em HD, exatamente a mesma qualidade qual foi concebido. então acho que vai ser uma boa, já que nem sempre dá pra ver curtas no cinema. e sendo logo na fundação que tem um lance meio afetivo (pô, foi lá que eu vi um monte de filme legal).

vai ter outros no programa:"Os Beijos Que Não Te Dei", "Textículos de Mary e Outras Histórias" e "Deixe-se Acreditar". esse último é um clipe do mombojó que foi dirigido por Juliano, ganhou até um prêmio (parabéns, mago). então, pode chamar sua amiga mombojete também.

Onde: FUNDAJ
Quando: Segunda dia 21 de novembro, 20h - Gratuíto
após a exibição terá uma conversa com os realizadores

A conta-gotas
Direção: Daniel Aragão
Tempo: 20 Minutos
Formato HDV
Ano: 2005
Sinopse- Rapaz que cuida sozinho de sua mãe em estado terminal vive a conta-gotas, numa normalidade extremamente calculada.

Os Beijos Que Não Te Dei
Direção: Sérgio Ricardo Soares e Max Santos
Tempo: 17 minutos
Formato DV
Ano: 2005
Sinopse - Homenagem às avessas aos folhetins latino-americanos e fotonovelas dos anos 70. Pompílio e Gustava se apaixonam desesperadamente segundos após se conhecerem. Mas, separados pela intolerância e a incompreensão, vagarão durantes anos numa busca inglória um pelo outro, numa trajetória de desencontros, lágrimas, compaixão, traição e jorros de sangue.

Textículos de Mary e Outras Histórias
Direção: Flávia da Rosa Borges
Tempo: 24 minutos
Formato DV
Ano: 2005
Sinopse - Nascidos da mutação dos testículos da travesti Mary, três travestis-mutantes encontram os pequenos textos da desaparecida personagem e saem pelas ruas cantarolando-os. Auto-intitulados porta-vozes dos marginalizados, Chupeta, Lollipop e Cilene Lapadinha tiveram sua breve trajetória marcada pela polêmica. Engolidos pelo mar de lama dos mangueboys que habitam Recife, a Textículos de Mary foi uma banda ousada e que teve a coragem de assumir uma uma postura assumidamente homossexual em cima dos palcos.
Criada no final dos anos 90, essa banda teve uma vida breve. No dia 29 de julho de 2004, um show no Teatro do Parque, Recife, marcou o fim da banda. Mas como diria Chupeta, fechou com chave de ouro.

Deixe-se Acreditar
Direção: Juliano Dornelles
Tempo: 4 minutos
Formato: HDV
Ano: 2005
Sinopse- Clipe do Mombojó "Deixe-se Acreditar" - Um dia na vida de meninos de rua onde tudo é possível, até ser feliz.

Tempo Total de projeção: 65 minutos

sexta-feira, novembro 11, 2005

contrabandista


tem toda aquela história sobre filmes de contrabando. filmes que são feito de um jeito que parece um filme, mas lá dentro tem outro filme. esse tipo de coisa é comum em filmes de estúdio, onde um diretor pode fazer um filme autoral parecer um blockbuster. ou quando um filme de terror é, no fundo, um filme político. aí, a pessoa vai ver um filme de Amos Gitai, que é um cineasta bem político, mas vai ver por causa de uma cena de choro que dura uns dez minutos. e quem está chorando é Natalie Portman, que no filme se chama Rebecca, mas tem um história parecida com a da atriz. algum desavisado, que não conheça muito sobre Gitai (o que é algo bastante aceitável), talvez possa pensar que se trata de um contrabando: um filme para mostrar um rosto conhecido, que na verdade é um filme político. e talvez tenha um pouco disso. só que parece que Gitai complica mais ainda as coisas. ele não tem a preocupação de esconder que é um filme político. nessa cena dos dez minutos de choro, toca uma música sobre um cordeiro comprado por duas moedas com uma temática parecida com aquela música que tem uma velha a fiar (o cordeiro é comido pelo gato, que é mordido pelo cachorro, que apanha com um pau, que é queimado pelo fogo, que é apagado pela água...). só que, de fato, essa é uma música política, em que, depois de acontecer tanta coisa por causa do cordeiro, pergunta até quando esse ciclo de violência vai perdurar. então, se é de fato um filme de contrabando sobre duas mulheres que vão de Israel para a Jordânia para acertar uma transação financeira e a outra simplesmente a acompanha, Gitai mostra o contrabando bem na primeira cena. Rebecca chora porque rompeu o noivado, o filme começa com esse choro, mas só o desenvolve em outro nível. a história de Rebecca é contada de uma forma pouco usual: enquanto ela viaja pela Jordânia a bordo do táxi de Hanah, as imagens do relacionamento dela com o noivo são sobrepostas às imagem da estrada e do carro em deslocamento. então, o filme não está interessado no drama de Rebecca, mas também não o descarta. na verdade, é Hanah, que tem que resolver alguns negócios do marido num lugar chamado Free Zone, que é um lugar de fronteiras (entre-lugar). o filme se centra nas diferenças entre as pessoas de culturas diferentes para fazer comentários sobre o oriente médio e toda aquela coisa entre árabes e judeus. tem falas sobre as Entifadas, sobre problemas territoriais, cenas de alfândega. uma das cenas mais interessantes neste sentido é quando Rebecca fala sobre a influência do Império Romano naquela região, só que Hannah, não parece muito interessada. sim, Rebecca é uma personagem perdida no meio daquela história. ela é uma americana, que se mudou para Israel por causa do noivo judeu, mas tem problemas com a sogra, pois ela não é judia, apenas o pai dela é judeu. lá para as tantas ela diz que não sabe a que lugar pertence. também tem Laila, que é palestina, casada com um sujeito conhecido como ?o americano?, que é quem deve dinheiro para o marido de Hannah. Laila que tem que levar Hannah até o dinheiro, mas as duas não se entendem, ou fazem questão de parecer que não se entendem. parece confuso? pois eu achei que o filme não tem muito uma razão de ser. e no final ele mostra que não chega em lugar nenhum. o fato é que as atrizes são boas. tem uma cena em que as três ouvem uma música pelo som do carro enquanto dirigem de volta para Israel, e dividem a mesma satisfação. o filme tem ótimas cenas. tem um monte de coisinhas sobre aquela coisa complicada que é o Oriente Médio. e se Hannah Laslo tem um desempenho tão bom para ter ganho o prêmio em Cannes, Natalie Portman está linda. e ela aparece um bocado para uma personagem que não tem nada o que fazer na trama. então, realmente me parece um filme de contrabando: um filme que parece ser um filme político, mas no fundo é um filme para ver Natalie Portman.

o título do post não é sobre Gitai, mas sobre mim mesmo, porque eu fui ver Free Zone com a única intenção de ver Natalie Portman. e vi. eu esperava um filme muito ruim. só que ele não é ruim. só não tem uma razão de ser. ou tem, mas fica tudo fora da tela.

e esse ano foram três filmes da Natalie Portman vistos no cinema... o que não me deixa nem um pouco satisfeito porque eu perdi de ver Hora de Voltar. nunca vou me perdoar por isso. por sinal eu ainda não via Hora de Voltar, porque as locadoras do Recife estão de complô contra mim.

segunda-feira, novembro 07, 2005

às vezes é preciso ver a vida com menos poesia

ontem eu vi 2046. e não consigo não achar estranho de ter sido no multiplex. ok. o público foi o que sempre vai ver esse tipo de filme onde quer que ele passe. não tive o prazer de ver aquelas pessoas que decidem o filme na hora entrando na sala "por engano". mas, vendo a coisa de uma forma mais ou menos objetiva: era um filme numa sala de exibição. não há nada de estranho nisso. mais ou menos.

eu cheguei a conclusão que eu estava na sintonia perfeita para ver o filme. não que eu estivesse morrendo para ver. até foi um filme que eu esperei um bocado para poder ver, mas era como algo inevitável: cedo ou tarde eu o veria. então, nenhum desespero com relação a isso. o fato é que talvez seja o filme menos interessante de Wong Kar Wai. ainda assim foi muito bom tê-lo visto ontem. porque é um filme muito auto-referente. seria estranho vê-lo sem ter visto, no mínimo, Amor à flor da pele. então, vendo 2046, dá mais ou menos para entender porque eu gosto tanto de Wong Kar Wai.

tem uma cena que te lembra o clima de algum outro filme dele, e você está gostando dessa cena, e lembra que gostou tanto daquele outro filme. tem as histórias (ou trajetos) que se cruzam, e você lembra que isso era tão legal nos outros filmes. tem a música. tem a fumaça. as pessoas sempre tão sexy. os pequenos gestos. as narrações. os letreiros. a fotografia. as técnicas que ele sempre usa. aquela impressão de que a vida é algo tão estético.

só que a vida não é algo tão estético. não é só o arrebatamento diante do belo, mas acho que também deve ter algo a ver com a coerência com o bom. acho que não dá para se distanciar muito do que é certo. do que é algo básico. depois do dia 5 vai ser o dia 6, (a não ser que se mude a forma de contar os dias). a pessoa come não só porque é bom, mas porque o corpo precisa.

e o filme é tão poético. mas no final das contas ele serve para mostrar de uma forma quase racional porque aquela poesia é importante para a pessoa. é quase como se fosse possível fazer um esquema (embora não seja propriamente viável). mostra tantas referências a sua própria poesia que é quase possível ver a matéria com que ela é feita. é um filme tão poético que chega a ser racional. porque às vezes é preciso mais matemática na vida.

quarta-feira, outubro 19, 2005

não sei como a conversa começou...

mas Carol me veio com essa: "o problema da gente é amor"... ou a falta de amor, sei lá.
aí eu tive que discordar "o problema da gente é pensar que amor (ou a falta) é o problema".

e nesse exato momento eu só sinto uma coisa: fome.

terça-feira, outubro 11, 2005

um maníaco com algum tempo livre para procurar verbetes

::ou nosso querido Dicionário Houaiss da língua portuguesa::
Afeto
Datação
sXV cf. IVPM

Acepções
? substantivo masculino
1 sentimento terno de adesão ger. por uma pessoa ou um animal; afeição
Ex.: seu a. por nós só era superado pela vontade de nos ver casadas e com família constituída
2 afinidade, ligação espiritual terna em relação a alguém ou a algo
Ex.: a. pelos compatriotas e por sua terra natal
3 Derivação: por metonímia.
o objeto dessa afeição
Ex.: seu a. eram as filhas
4 reação de agrado ou desagrado com relação a algo ou alguém; simpatia ou antipatia
5 Uso: formal. Diacronismo: antigo.
atitude ou maneira ostensiva de agir; ausência de naturalidade; afetação, fingimento
Ex.: afetos de uma religiosidade hipócrita
6 Rubrica: psicologia.
sentimento ou emoção em diferentes graus de complexidade, p.ex., amizade, amor, ira, paixão etc.
7 Rubrica: psicologia.

estado, limitado no tempo, provocado por estímulos externos ou por representações, acompanhado de certo grau de tensão e composto de sentimentos particulares
8 Rubrica: psicologia.
descarga emocional breve, violenta, disparada por impressões externas, por representações ou por uma estase afetiva, que se acompanha de sinais claros e visíveis de excitação, e freq. de uma diminuição do controle do comportamento (p.ex.: cólera cega)
9 Rubrica: psicologia.
dinâmica ou qualidade essencial de uma emoção; energia de uma emoção
10 um dos três tipos de função mental [As funções mentais se dividem em afeto, cognição e volição.]
11 Rubrica: psicanálise.
expressão qualitativa da quantidade de energia das pulsões e das suas variações [Para Freud, os afetos seriam reproduções de acontecimentos antigos de importância vital e, eventualmente, pré-individuais.]
12 Rubrica: medicina. Diacronismo: antigo.
mal-estar ou doença; achaque
13 Rubrica: pintura.
expressão de viveza, de dinâmica

Etimologia
subst. lat. affectus,us 'estado psíquico ou moral (bom ou mau), afeição, disposição de alma, estado físico, sentimento, vontade'; f.divg. erud. 2afeito; ver faz-; f.hist. sXV afecto, sXV afeito, sXV afeyto, sXV affecto

Sinônimos
ver sinonímia de meiguice e antonímia de desprezo e repulsão

Antônimos
ver sinonímia de desprezo e repulsão

Homônimos
afeto(fl.afetar)

domingo, outubro 09, 2005

estudo de caso

e sabe por que ele não gosta dela? porque ela não pode machucá-lo. esse tipo de envolvimento afetivo que ela busca nele se baseia unicamente na capacidade que as pessoas têm de se machucar. pode parecer que todas essas canções de amor e filmes românticos falem de outra coisa, mas no fundo é tudo sobre o poder que alguém tem de machucar alguém. acredite em mim. eu estou nesse ramo faz muito tempo. já vi muita coisa. tive que pegar casos que nunca parecem fazer muito sentido. e no final das contas era sobre uma pessoa que tinha escolhido aquela outra que podia machucá-la, mas que por algum motivo não o fazia. e é isso que as pessoas busca nesse tipo de relacionamento: alguém que possa destruir sua vida em um estalar de dedos, mas que opta por deixá-lo intacto.

segunda-feira, setembro 19, 2005

childhood living is easy to do


também teve um video da Natalie Portman quando criança. só que esse não era nada doméstico. faz parte de um prjeto musical chamado World Patrol Kids. trata-se de uma produção extremamente tosca (capaz de deixar orgulhoso qualquer produtor da TVU que veja nisso um indício de qualidade internacional). eu fico pensando como se deu todo o processo até ela chegar pra fazer esse video e gravar um disco. a minha primeira reação foi achar engraçado, afinal ela era uma criança muito fofa, mesmo antes de fazer Leon. só que aí começa a rolar a tal da v.a. e em algum momento eu ficava me questionando que tipo de pessoa eu era por está vendo aquilo. e depois pensava se ela sentia vergonha até hoje. mas aí chega a parte em que, talvez, ela consiga rir de si mesma, lembrando daquela pessoozinha usando um macacão e fazendo coreografias e cantando músicas com temas ecologicamente corretos. aí eu lembro que eu mesmo já fiz as coisas mais bobas e constrangedoras quando era criança. porque eu acho que é como uma vingaça prévia: a criança faz esse tipo de coisa pra constranger o adulto que ela virou e estragou a vida dela. no caso de a vida não ter sido estragada o adulto vai conseguir rir junto da criança.

domingo, setembro 18, 2005

coloque aqui um título bonito


tem uma foto de quando eu era bebê no meu quarto. ela fica na parede ao lado de outras fotos, cartões postais, publicidades e outras coisas. é estranho pensar que eu fui aquela criança na foto. eu nem lembro de quando essa foto foi tirada. mas ela existe pra provar que esse momento existiu. e fotografia é bem isso. você registrar o passado. aí você junta todas essas lembranças materiais que estão guardadas e vai preenchendo o que é a narrativa da sua vida. mas sempre falta uma coisa.

um dia desses eu vi uma foto e um video da Fiona Apple de qand ela era criança. era o momento em que ela mostrava sua primeira composição no piano. Fiona tem praticamente a mesma idade que eu. eu fico me indagando se ela vê esse video de alguém que um dia foi ela mostrando a primeira música ao piano e estranha, ou talvez se surpreenda. a meninha parece bem orgulhosa do que está mostrando. é um pequeno momento mágico, como esses que acontecem na vida de qalquer pessoa. e elas não se tornam necessariamente a Fiona Apple.

na foto na minha parede o bebê tem uma cara meio triste, quase chorando, como se buscasse alguém. a menininha está bem feliz em frente ao piano. e não significa que a vida do menininho chorão tenha sido sempre triste e dura. e a vida da menina bela e feliz tenha sido sempre um mar de rosas com belas melodias de piano como trilha sonora. certamente o menino mostrou uma composição ao piano. e é razoável afirmar que a menina tenha passado por momentos em que buscava a ajuda de alguém.

videos, cartas, fotografias, boletins escolares, canhotos de filmes, ingressos de shows, lembranças de festas de aniversário, livros, fitas K7, CDs, DVDs presilha de cabelo roubada de alguém especial... tem um monte dessas coisas que indicam esse percurso do que é a história de alguém. mas aquilo do que realmente a vida é feita está para além de todas essas coisas.

segunda-feira, agosto 22, 2005

uma piada sem timming é algo realmente destrutivo

domingo, agosto 21, 2005

noite de sábado (manhã de domingo) tem dessas coisas

porque foi massa open house de Chico. porque teve a possibilidade de redescobrirmos Melissa Auf Der Maur (ruiva pode tudo!) e de quebra o Smashin Pumpkins. porque o vinho estava bom. porque tinha um troço de tomate seco que estava fantástico. porque teve um ensaio fotográfico lesbian chic, que antes estava cômico. porque forças externas me levaram a topar ir àquela festa em Olinda. porque a festa foi realmente boa. porque eu até topava ficar mais. porque eu fui de Havaiana e ninguém me barrou ou pisou no meu pé (mas derramaram todo tipo de bebida em cima). porque eu realmente não sei dançar mas danço mesmo assim. porque dançar aquelas músicas é muito massa. porque as pessoas se transformam na pista. porque a lua estava cheia assim como a maré. porque é bom ver algumas garotas dançando. porque eu vi essas garotas dançando. porque eu gosto de andar de carro de madrugada. porque o CD do Franz Ferdinand é bom de se ouvir no carro de madrugada. porque eu cheguei em casa e tomei muita água. porque eu tomei um banho demorado. porque o cabelo molhado é uma desculpa razoável para eu ligar o computador. porque é legal escrever no blog. porque eu nem estou cansado para dormir. porque choveu e parou. porque o dia está amanhecendo. porque eu estou apaixonado e não sou correspondido e isso não é nenhuma tragédia. porque eu estava com preguiça de procurar o CD My favourite things, do santo. porque essa música me lembra Sil. porque eu estou ouvindo Sigur Rós. porque Sigur Rós é muito bom. porque eu logo vou estar dormindo. porque se deixasse para depois não teria escrito esse texto. porque eu gosto das pessoas legais que eu tenho sorte de chamar de amigos. porque eu quero que essas pessoas legais leiam o meu blog e comentem. porque... já basta.

esse blog deve ser uma merda

porque eu terminei o mestrado, já faz tempo pra caralho, e nem comentei nada aqui.

quinta-feira, agosto 11, 2005

um fim em si mesmo

teve esse dia em que voltava do trabalho para casa de ônibus, enquanto mantinha uma conversa com alguém que não tinha o que conversar, só porque tive a infelicidade de fazer parte do mesmo itinerário na mesma hora. e foi uma parada antes de descer que vi pela janela aquela menina, vestida com farda do colégio, esperando seu ônibus. foi o tempo suficiente para que ela percebesse que estava sendo observada e devolvesse o olhar. e, sem que nenhum dos dois desviasse após o encontro, de repente avia se transformado em flerte. e a menina sorriu e eu sorri de volta. aí o ônibus partiu.

aí, em uma noite de sexta-madrugada de sábado, após ter escolhido ir a um show que deixou muito a desejar, penso em ir pra casa. até saber que alguns amigos vão esticar em um bar gls. sem ter muito o que perder, decido ir, só pra ver no que vai dar. já na entrada uma boa notícia, a mulher libera a minha taxa de entrada e converte em consumação. mas eu entro no lugar e não consigo disfarçar o fato de estar me sentindo deslocado, o que aumenta quando percebo que todo mundo se conhece e eu não conheço quase ninguém. danço um pouco e lembro que tenho que consumir algo. pinga e coca-cola me parece razoável. em um tv passa clipes da Madonna. sentado no balcão, porque sempre achei isso de ficar no balcão massa. e então tem essa balconista, que devia ser lésbica, e que dança e serve um drinque pra si mesma (já era mais de 3h, eu acho que ela merecia). aí eu fico olhando de vez em quando, e percebo que ela olha de vez em quando. não sei se incomodada ou achando normal. aí mais gente teve a mesma idéia de ficar no balcão.

em nenhuma das vezes eu esperava poder desenvolver essa relação superficial. na segunda vez ainda troquei algumas palavras além de pedir minha dose. a primeira tornou meu dia mais leve e a segunda salvou minha noite.

quarta-feira, agosto 03, 2005

eu posso não te amar pra sempre

ontem eu vi esse filme, Minha vida sem mim, que tem essa estrutura clássica de melodrama. e o engraçado é que, mesmo sendo um melodrama, a protagonista não escuta música, e olha que a mãe dela é Deborah Harry. a história é aquela de alguém que descobre que tem uma doença terminal e muda sua percepção da vida. eu diria que é um filme legal. assim, racionalmente eu tenho dificuldades em dizer que o filme seja bom, mas ele é correto. afetivamente, eu gostei. algumas razões simples. a primeira delas é Sarah Polley, que é uma atriz, e é bonita, mas que consegue como poucas atrizes (sejam elas mais ou menos bonitas) passar aquela sensação de 'a menina do ponto de ônibus'. e isso é geralmente uma parte boa dos filmes dela, porque você sente que em algum lugar as suas personagens existem. a segunda razão tem muito a ver com esta, que é a naturalidade das cenas de família. as meninas realmente parecem ser filhas dela, assim como o cara parece ser um pai e que eles todos vivem em um trailer no quintal da casa da mãe dela. e aquele médico me pareceu um personagem tão exato. eu não sei como deve ser pra um médico dizer a uma paciente de 23 anos que ela vai morrer exatamente por ser jovem demais, mas, mesmo que não seja a forma correta, o filme explora isso sem fazer alardes sentimentalistas. duas Ann que são vizinhas. porque isso é algo tão possível de acontecer, mas poucos filmes, diria, poucas obras de ficção, têm coragem de colocar dois personagens com o mesmo nome sem que isso seja um detalhe determinante. e tem também God only knows que entra aqui por um motivo bem pessoal: eu escrevi uma história em que essa está presente (e que também tem duas personagens com o mesmo nome). e também tem uma casa vazia onde duas pessoas, por um período curto, vão ser de extrema importância uma para a outra. essas são as razões. tem algumas ressalvas que eu fiz enquanto assistia: como algumas cenas em câmera lenta, um balé meio estranho no supermercado, uma pessoa tocando música com taças. mas até que são cenas bem feitas. no entanto, é a cena em que ela está no carro gravando mensagens de aniversário para as filhas até a idade de 18 anos que faz realmente o filme valer a pena. e eu escrevi esse texto só para mencionar essa cena, mas eu não sei mais o que dizer a respeito.

terça-feira, julho 26, 2005

... não é exatamente um post positivo ...

coisas legais que fazem o mundo fazer sentido:
sorvete de pistache
Natalie Portman
Bonequinha de Luxo (o filme)
End of the century
Adios Nonino
os personagens dos filmes de Tim Burton, Truffaut e Woody Allen
as tirinhas da Mafalda, do Peanuts e do Homem-Catraca
fazer parte de uma banda (mesmo não sendo exatamente um integrante)
escrever dialogos
ficar calado na presença de uma pessoa sem isso ser nada demais
conversar durante horas sem ter que se esforçar para arrumar assunto
A invenção da solidão
tirar fotos
andar de carro de noite no banco do carona enquanto pessoas queridas dirigem
Dani e Flávio colocando som
dançar a noite toda em uma festa
a calma que vem depois que você sai da festa
ler "bom dia, l." escrito por Chica no meu msn
receber um convite inesperado
All the young dudes
a voz de Briza
Uma mulher é uma mulher
encontrar Sil, mesmo quando a gente não conversa
Embriagado de amor
Coisas
Ain't no sunshine
Coltrane
Maria Flor
O clube da esquina
cinema
contar histórias

sexta-feira, julho 22, 2005

a insônia, o motivo e formas tortas de conseguir sua compensação

talvez fosse conseqüência do fuso. claro que não era. já tinha se passado muito tempo desde que ela voltou. mas de fato, os horários de Maria Flor eram muito estranhos. e ela nunca mais conseguiu dormir antes de uma da manhã. é, só que esse tipo de coisa acontece, inclusive com gente que nunca mudou de fuso-horário. se bem que, quando ela chegou, dormir era quase impossível. ela sabia que cedo ou tarde as razões de sua partida bateriam à sua porta, mostrando que ela estava certa. e não podia partir de novo e teria que enfrentar tudo. então, quando acontece de não conseguir dormir antes das três, ela se lembra daquelas primeira semanas esperando até a notícia de sua volta chegarem aos ouvidos de Paulo. nesse período havia um motivo para a insônia. agora, só existia a insônia. as coisas pareciam ter se acomodado, eles conseguiram se adaptar à nova situação. mesmo assim, quando a insônia se fazia presente, Maria Flor não conseguia deixar de acreditar que ainda existia aquele motivo. Maria Flor conhece o fardo que é amar alguém que esperava tanto dela e criava tantas expectativas - que nem eram expectativas em si, mas apenas, como ele mesmo sabia, frustrações esperando para acontecer. Maria Flor foi embora depois do incidente. ela sabia que Paulo precisaria mais dela do que ninguém jamais precisou. e ela gostava muito dele para se submeter a isso. gostava dele e não queria encarar o fato de que corresponderia às suas expectativas apenas porque agora ele se encontrava paraplégico. entre se negar a ajudar alguém que amava incondicionalmente e criar uma falsa compensação pela má sorte dessa pessoa, Maria Flor preferiu sumir. e dentro de sua lógica estava ajudando Paulo dando a única compensação que seria verdadeira: a ausência. durante dois anos Maria Flor percorreu o mundo. o único contato que mantinha era com seus pais através de cartas esporádicas que continham sempre uma solicitação enfática para que o conteúdo não chegasse às rodas de conversa. e quando voltou, passaram-se dez meses até que, finalmente, ela e Paulo se reencontrassem. no dia em que recebeu a primeira mensagem dele, seis semanas e dois dias após sua chegada, Maria Flor marcou aquela hora. ela já sabia que Paulo usaria os primeiros quinze minutos passados de uma da manhã para, praticamente todos os dias, entrar em contato com ela. e nos últimos cinco anos tem se valido de memos para o celular, e-mails, serviços de recado e até pizza para deixar clara a ligação entre os dois. e mesmo quando nada disso surge na madrugada de Maria Flor, ele sabe que ela está pensando nele.

domingo, julho 17, 2005

tema e forma

e lá se vai mais um final de semana. o interessante é que faz tempo que não tinha um final de semana como esse. recentemente passei um período sem sair muito, por vários motivos que não vêm ao caso agora. talvez isso ajude no fato desse final de semana ter sido diferente. mas tipo, semana passada meu final de semana foi bem agitado... enfim.

na sexta eu saí de casa seguindo aquela filosofia "na dúvida, vá", aí fui pra uma festa lá em água fria. a festa não foi ruim, para uma festa que também era uma exposição de artes (e eu me sentia em uma grande instalação). havia pessoas legais por lá, a seleção musical muito me agradava, era definitivamente um lugar diferente (embora o clima não fosse tão diferente assim), só que... o tempo todo eu tentava descobrir o motivo de eu estar ali. bom, é verdade, tinha um motivo, mas que depois se mostrou um motivo muito frágil. então, aconteceu aquela coisa que foi a mais importante da noite: voltar para casa. e fazia tempo que eu não me encontrava numa roubada como a de andar pelas ruas de água fria em busca de um táxi. com Flávia e Sil falando o tempo todo que íamos ser assaltados (ou coisa pior, já que rolou até uma conversa interurbana de adeus) e Deco dizendo para elas se acalmarem. e foi aí que eu lembrei da regra de ouro da roubada: aceitá-la com tudo que ela pode trazer, mas sempre manter a calma; fingir para si mesmo que é algo bastante aceitável e normal. e depois ficou a história, tanto que tive que ouvir que foi a maior loucura do mundo (para mim loucura teria sido ficar lá... existem pessoas sem carro no mundo e elas têm o direito de sair, e têm seus motivos para andarem até a avenida Beberibe, acreditem).

então, teve o sábado. que foi de fato a parte boa. porque teve o aniversário do Pajé, comemorado em uma enorme mesa (que não era suficiente para acomodar todos) lá no Central. lá também estava, em outra mesa, Laura, com quem eu nunca tinha conversado ao vivo antes. foi legal encontrá-la. a partir daí, com novos e velhos amigos, que começou um certo clima nostálgico. talvez a guerra de guardanapos tenha sido um catalisador. então teve Nina Simone e o inevitável papo sobre Antes do pôr-do-sol (que, eu já falei aqui, marca a passagem do tempo de um período da minha vida).

depois ainda saí com Mara e Marina, e o Pajé veio com a gente. o que foi a coisa mais legal, porque eu não me lembro da última vez que fiz alguma coisa desse tipo com as meninas. o engraçado é que elas normalmente estão nos mesmo lugares que eu freqüento, mas, por causa dessas coisas da vida, a gente normalmente só se cumprimenta e tem uma conversinha rápida. e foi legal, porque é um exemplo de como as ligações entre as pessoas nunca deixam de existir. tipo, fiquei feliz de ter conversado com Marina, porque a gente foi tão próximo uma época e eu pensei que tudo tinha se perdido. foi legal ter ido dançar e falar besteira com Mara, Marina e Pajé lá no Panquecas e acabamos encontrando com Ernesto, que tinha estado no Central também. eu só o conhecia ele dos corredores da faculdade e alguns amigos em comum, mas também ajudou a aumentar o clima nostálgico. que foi sacramentado por uma seqüência clichê de hits dos anos 90 (com direito a Mr. Jones e Come as you are). e tipo, teve até Epic do Fatih No More. devia fazer fácil uns doze anos que eu não ouvia essa música em uma festa.

a gente ainda foi pro garagem e conversamos sobre várias coisas, até sobre festinhas do passado. também vimos umas pessoas dançando no meio da rua ao som de uma música que vinha de um carro, mas que praticamente só eles ouviam. Flávio Pessoa fez uma consideração importante: o garagem estava cheio e não tinha quase ninguém conhecido. e o Pajé emendou: pelo menos assim dá a impressão de que Recife não é um ovo.

terça-feira, julho 12, 2005

isso são horas

são três da manhã de um sábado em que ela escolheu não sair, apesar de todos os insistentes convites. "poxa, é que eu não tô afim mesmo" e antes de desejar que todos se divertissem ela explicava: "peguei um filme e vou fica aqui no sofá assistindo". Maria Flor está deitada no chão olhando para o teto a meia luz. havia assistido Rebecca - a mulher inesquecível, está nessa fase Hitchcock, sem saber que logo será levada por Davi a uma fase John Carpenter. ela colocou End of The Century para tocar, coisa que não fazia havia tempo, o que não deixa de ser um sinal da influência de Davi na sua vida. porque ela nunca tinha imaginado ser possível duas pessoas discutirem sobre qual o melhor disco dos Ramones. então, o telefone toca. Maria Flor atende. "eu sei que já é tarde e não devia estar ligando a essa hora, mas é que eu precisava conversar contigo". a pessoa do outro lado da linha, talvez imagine, mas não pode ver o sorriso terno que surge no rosto de sua interlocutora. Maria Flor já está acostumada. "cedo ou tarde você ligaria".

domingo, julho 10, 2005

de quando um jovem homem é levado a cometer coisas estarrecedoras

duas semanas antes ele havia baixado as músicas de uma cantora em mp3 pela internet. provavelmente nem ouviu tudo. então teve toda a sucessão de acontecimentos que foi dar nisso. uma coisa não tem necessariamente a ver com a outra. mas aí chega alguém e diz maldosamente: - era de se esperar. só alguém muito estranho para ter todos os discos de Kate Bush.

terça-feira, junho 21, 2005

um homem revoltado... e sem entender por quê

de onde é que vem essa revolta? ok, ok, ok. existem grandes merdas no mundo todo, mas não é por conta disso, né? sim. de fato, coisas revoltantes acontecem. só que não é esse o motivo de noites sem dormir. é? claro que não. é por conta de aproveitadores? sim, as pessoas se aproveitam. muitas nem se dão conta que isso é errado. tá. mas é pouco pra essa revolta toda. por alguma insjustiça sofrida? talvez. rejeição? até vá lá... tudo isso é bem revoltante. só que a revolta aida estaria aqui mesmo sem essas coisas toda. então, no fim das contas, é só revolta por estar revoltado. e o pior não é isso. o pior não é ser revoltado, o pior é não reagir.

domingo, junho 12, 2005

alívio

aí chega o dia em que alguém te desmascara

quinta-feira, junho 09, 2005

Parabéns para a moça mais linda do mundo

(pathetic mode: on)
(i dont care mode: on)


aí esta ela tirando uma foto para colocar no seu fotolog Posted by Hello

domingo, maio 29, 2005

porque o cabelo é o mínimo, poxa

pessoas,

não adianta mesmo eu dizer que a Natalie não foi o motivo de eu ter raspado o cabelo - nem mesmo meu histórico de cabelo raspado desde os 17 anos vão fazer alguém acreditar diferente. Cris disse que eu posso não saber, mas foi por causa da Natalie, definitivamente. mas, percebam uma coisa, tem poucas coisas que definem, no últimos anos, minha existência para as pessoas que a vêem de fora - ou seja, o resto do mundo - e entre elas a Natalie tem um papel bem forte. ninguém estava lá no extinto Cine Veneza presenciando o momento em que nasceu a indagação "quem é esse pessoa?" enquanto eu assistia Marte Ataca!. ninguém, nem mesmo alguém da minha família, passou perto da sala da minha casa enquanto eu começava a responder essa questão filosófica ao descobrir, tardiamente, O Profissional em uma sessão da Bandeirantes. poucos tomaram conhecimento da minhas buscas pela internet para tentar entender mais aquilo que acontecia na minha vida, sem poder evitar o fato de que quanto mais eu procurava mais presente ela se fazia. quem vai acreditar que eu terminei meu curso de comunicação por causa dela, porque, sim, a idéia da monografia surgiu com ela? e as noites que passei tentando escrever um roteiro de longa-metragem inspirado nela foram totalmente solitárias, e, por tabela, isso foi acabar em uma dissertação de mestrado. ok, a internet, e o fotolog em particular, foi útil para que as pessoas pudessem entender um pouco o que foi esperar Closer durante tanto tempo. mas eu nunca deixei transparecer muito meu ciúme quando o resto do mundo veio a conhecê-la como a mãe de Luke, e, tipo, eu já sabia que ela ia fazer esse papel e a minha ânsia pela nova trilogia era dobrada. pô, até a Audrey, entrou definitivamente na minha vida, de certa forma, por causa da Natalie. não vou mudar a história e dizer que me interessei por cinema por causa dela também, quase tudo que me fez gostar de cinema, veio antes dela. assim como, eu já gostava de Ben antes de saber que era a música preferida dela. mas, tudo que aconteceu depois, tem, em certo grau e de alguma forma, relação com ela. então, poxa, perto disso o cabelo é só um detalhe. e se um dia eu vier a ser uma concretização mais ou menos bem sucedida daqueles meus planos, e se só puder dizer uma coisa para ela, eu vou dizer: foi por sua causa.

sábado, maio 28, 2005

;: era pra ser um post sobre uma música preferida:;

ain't no sunshine when she's gone.

i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know i know

she's always gone too long any time she goes away

who's she?

terça-feira, maio 24, 2005

meu headphone não salvou minha vida... ... mas é bom tê-lo por perto

Como eu costumo dormir bem tarde sempre me batia a preocupação de estar incomodando as pessoas por escutar música em um momento em que praticamente não existe mais barulho no resto do mundo. E normalmente nesse horário eu escuto música em um volume mais baixo do que normalmente. Só que tudo parece soar mais alto. A saída seria usar um headphone - que é uma invenção maravilhosa. Só que nunca me passava pela cabeça em comprar um. Simplesmente não estava nas minha prioridades, muito menos em meus caprichos consumistas. Assim, continuava a ouvir música à noite sob a tensão de alguém chegar e pedir para eu abaixar (ainda mais) o volume. Até que um dia, por uma dessas reviravoltas da vida moderna, me vi tendo que trocar uma mercadoria em um lugar onde nada me despertava o interesse. E em um momento mágico eu avisto um headphone, que podia não ser maravilhoso, mas também não era ruim. Então levo pra casa graças à ética dos vendedores e ao código de defesa do consumidor. Passei a usar o meu headphone sem grandes estardalhaços. É só mais um daqueles artefatos que passamos a usar no nosso cotidiano, sem nem nos darmos conta dos benefícios que trazem.

Em um período próximo uns amigos falam entusiasmadamente sobre um cantor cuja música servia de background. E durante as falas deles e o som que embalava a conversa fui me interessando. Chego em casa e vou procurar as músicas para baixar pela internet. Depois de algumas semanas em que o programa não funciona direito, enfim consigo baixar um disco de 36 faixas entitulado The Headphone Masterpiece desse cara chamado Cody Chesnutt.

Sim, como o nome sugere, é um disco para ser ouvido usando o headphone. Não se preocupa em esconder a precariedade com que foi produzido. Nada impede sua apreciação através de qualquer outro equipamento. Pode ser ouvido nas melhores caixas acústicas, em aparelhos hi-fi, o que for. Mas, de fato, é um disco concebido para os fones de ouvido.

Foi em 1992 que Cody Chesnutt desfez um contrato que tinha com uma gravadora, através de sua banda Crosswalk, para se dedicar a fazer música da maneira que achava mais certa. E passou-se uma década até que com o lançamento do já citado disco seus planos começassem a se concretizar. Trancado no seu quarto usou uma estrutura simples para gravar suas composições tocando quase todos os instrumentos. Assim dá pra sacar que o headphone do título não é uma metáfora, foi uma peça fundamental para a produção.

Musicalmente trás alguns elementos que remetem à energia do rock dos anos 60, algo de soul e R&B, e uma presença maciça de hip-hop. As letras são cotidianas girando em torno do universo masculino, podem beirar ao machismo em alguns momentos. A voz de Chesnutt casa bem com a atmosfera que ele cria para suas músicas. Existe uma legitimidade no que ele canta que busca a emoção sem se importar muito com a afinação. Também há uma certa empáfia, presentes desde o nome do disco e do número de músicas (estrear logo com um disco duplo é muita pretensão), mas tudo parece se justificar pela jornada pessoal e quase solitária (mais uma vez os fones de ouvido) que o disco é. O disco não é exatamente a obra-prima que se pretende, a não ser, talvez, para aqueles momentos em que pode ser ouvida através da solidão de um headphone enquanto tenta levar algum projeto pessoal adiante.

domingo, maio 08, 2005

sorvete de pistache do tamanho do mundo todo.

quarta-feira, abril 20, 2005

para não se apaixonar - 2º passo

não falar sobre a pessoa

talvez tenha sido inevitável resistir a tentação daquelas conversas casuais, né? o melhor a fazer, então, é manter isso como se não fosse nada demais. e, se você parar para pensar, de fato, não é nada demais. não saia perguntando sobre a pessoa para os amigos que vocês têm em comum. não queira saber se ela terminou o namoro, se faz tempo, ou quais as circunstâncias. não queira saber o que ela vai fazer sexta de noite ou sábado o dia inteiro. não pergunte nos lugares se ela apareceu ou se tem possibilidade de aparecer. não vá comentar sobre ela e sobre as conversas entre vocês com mais ninguém. não queira saber se alguém acha que vocês dois têm a ver. sempre vai ter alguém pra dizer que vocês dois são um belo casal (tem gente pra tudo no mundo). não vá tentar explicar aquele momento que pareceu rolar uma sintonia entre vocês dois. essas coisas são mais comuns do que se imagina. não queira saber se ela é bonita demais pra você. provavelmente ela é.

domingo, abril 17, 2005

para não se apaixonar - 1º passo

evitar conversas casuais

só converse quando realmente tiver o que conversar. conversas sobre afinidades e problemas pessoais podem colocar tudo a perder. nada de rirem juntos de piadinhas, principalmente so for tarde da noite. essa coisa de criar assuntos só entre vocês que ninguém mais vai entender dá aquela sensação de que existe um elo. assuntos a se evitar: futilidades, livro que está lendo, o que anda escutando, o último filme bom que assistiu, sobre pessoas bonitas e questões filosóficas em geral.

quarta-feira, abril 13, 2005

se amor fosse o caso

como eu nem sei o que lês
escrevi essas coisas
é o que alguém que eu amasse gostaria
como nem sei qual teu tipo de música
separei esses discos antigos
porque quem eu amasse teria uma radiola
como nem sei se comes bem
coloquei a mesa
se eu amasse seria assim que jantaríamos
nem sei a tua crença
mas separei o São Francisco
se fosse quem eu amasse certamente serias devota
às vezes penso que no teu bom-humor
talvez quem eu amasse soubesse contar piada
tenho impressão que vais dormir tarde
pois quem eu amasse teria sono o dia todo
como nem sei teu telefone
fico imaginando que preferes falar pessoalmente
passei a me vestir bem, mas não tão bem
se foste tu quem eu amasse, se importaria pouco com minhas roupas
porque eu falaria tudo isso a pessoa que eu amasse
mas como nem te conheço
só me resta sair por aquela porta

domingo, abril 10, 2005

for feeling so lonely

Dia desses eu estava ouvindo Crazy aí eu percebi que tinha mudado minha interpretação sobre a letra. Antes eu pensava que era o lamento de uma pessoa cujo relacionamento com aquela pessoa que amava incondicionalmente tinha acabado, e por isso se sentia tão triste e solitária. Ou seja, um tipo específico de pessoa que sempre ama mais do que pode ser amada e sofre por isso. I knew you'd love me as long as you wanted and then someday you'd leave me for somebody new. Hoje eu tenho essa sensação que essa é a maior preocupação que se tem ao começar um relacionamento, porque é certo que só vai durar até quando a outra parte quiser. E é certo que em todo relacionamento, as duas pessoas vão ter essa preocupação. Antes eu pensava que a pessoa da música era uma vítima do amor, mas agora eu entendo como sendo uma pessoa que tem uma idéia bem clara sobre essas coisas de amor e tudo que acarretam. Why do I let myself worry? Wonderin', what in the world did I do?. Não significa que não sofra por isso ? a música fala desse sofrimento ? mas é também não se entrega simplesmente ao sofrimento, porque o tempo todo está se questionando. Então mesmo sabendo disso, vai continuar se sentindo culpado, vai sentir ciúmes quando vir o novo relacionamento da outra pessoa... essas coisas todas. É legal isso de parar de se ver como vítima... no final, amar alguém é procurar por problemas. Mas aí já é outra conversa.

sexta-feira, abril 01, 2005

on

e para aumentar mais minha raiva e minha frustração, nem a minha reclamação agora vale a pena.

off

esse era o espaço de um texto que eu escrevi e que agora ninguém vai poder saber se estava bom ou não. perdi porque deu erro na hora de publicar. e, pode ser ironia, mas o texto falava justamente de um hipotético filme em que nada seria mostrado. mas nunca mais vou reescrevê-lo. o que acho foda é que isso só serve para aumentar minha raiva com computadores e aumentar minha frustração com relação a escrever. o que me levar a pensar sobre aquela teoria de que cada momento da sua vida carrega o mesmo perfil de sua vida inteira. mas não tô afim de escrever.

off

off

nesse momento eu queria ver um filme cuja ação se desenrolasse fora do campo ou nas elipses espaço-temporais. não ia precisar ver nada. na campo talvez um cenário vazio, ou dois personagens reagindo ao que acontece naquele espaço em off. ia ser foda analisar esse filme do ponto de vista formal, porque nada ia ser mostrado. talvez pudesse ser um exercício didático levando-se em conta outros elementos da linguagem filmica. talvez desse para se perceber melhor a utilização da música. a música poderia ser algo bem importante para esse filme. tudo que aconteceria seria "mostrado" através dela (ou pela ausência dela). e os olhares. claro! os olhares daqueles que estão no campo. aqueles que de fato aparecem na tela vão precisar olhar a ação que está no fora-do-campo. os diáliogos claro que não seriam explicativos - embora eu acredite que exista quem trave diálogos explicativos - se fossem seriam um ótimo argumento para destruir a experiência altamente cinemática que seria o filme. mesmo não sendo explicativas, as falas dos personagens iriam contribuir na ação. elas nunca iriam dizer o que estava acontecendo, mas elas fariam parte daquela ação que nunca é vista. não seria um filme encerrado em poucos cenários, seria o mais amplo possível. a trama não iria ser nada espetacular, mas seria bem interessante. e as imagens? claro que seriam belas imagens. e não é só por serem belas, mas é por apontarem para esse fora-do-campo. que é onde tudo acontece. e de uma forma bem ampla. nossas vidas também acontecem no fora-do-campo de todos esse filmes que a gente assiste. no fim das contas, é só um filme sobre a percepção da vida.

domingo, março 27, 2005

a gravidade das coisas

então eu era esse cara que vivia preocupado com tudo. nada me parecia bem. as coisas a minha volta só serviam para me causar preocupações. mesmo quando tudo parecia ir bem, era um motivo para pensar. "como assim está bem?" "quem pode dizer quando as coisas estão bem?" motivo para sorrir e cantar? sim, alguns. e sorria e cantava. mas, e depois? tinha aquela casa que nunca estava arrumada. aquela pessoa que nunca ligava. o trabalho que não valia de nada. o dinheiro logo acabava. e pensar no futuro? eu percebia que tinha tanta coisa mas no final das contas nenhuma delas ia me servir. faltava tudo, e tudo não diz nada.

aí teve esse dia em que acordei. tinha perdido peso. não que tivesse emagrecido. mas agora eu levitava. por algum motivo, que nunca mais me preocupei em saber, a lei da gravidade não tinha efeito sobre mim. e era aquela sensação de euforia. não estava bem nem mal, nem normal. era só eu flutuando. não conseguia mais tocar o pé no chão. a vida realmente parecia ter adquirido aquela leveza que tanto me receitavam. mas meus pés permaneciam longe do chão. foi fácil me adaptar. difícil foi as pessoas se adaptarem a mim. mas acho que é assim com todo mundo. mas meus pés não tocavam mais o chão. e não importava mais se ele estava sujo. se as pessoas andavam se empurrando. eu apenas flutuava. e meus pés nunca mais sentiram o chão. e logo tinha gente que não achava a menor graça nisso. talvez porque não acreditassem. isso fugia a todos os seus códigos de crença. talvez fosse um pouco de inveja. porque também tinha aquelas pessoas que também precisavam de ver o mundo com leveza. talvez também quem já olhasse para aquilo como algo prosáico. meus pés não tocavam o chão. e daí? grandes coisas.

o fato é que você cansa de flutuar. afinal, todo mundo sonha alto. tem uns que deixam de sonhar por um motivo ou por outro. eu deixei de sonhar alto porque meus sonhos ficaram lá em baixo quando comecei a flutuar. então decidi ir embora. fui subindo, subindo... em direção aonde eu não sabia ao certo. mas era para longe daquela vida que não poderia mais ter, nem se quisesse (e não era o caso). longe das pessoas que eu amava, é verdade, mas que não era mais compatível quando você flutua. meus pés de fato nunca mais reencontraram o chão. só foi ruim porque naquela semana eu tinha me matriculado nas aulas de sapateado.

segunda-feira, março 21, 2005

sobre o tempo que leva até perceber que o tempo passou

em algum momento na minha adolescência eu assisti Antes do amanhecer e é aquele tipo de filme muito fácil de você se identificar com ele quando é adolescente. acho que muita gente deve ter visto esse filme e ter tido a mesma sensação que eu. pô, eu já fiz planos de passar a noite percorrendo uma cidade estrangeira com uma estranha, uma francesa, ainda por cima. e aquela coisa romântica de fazer o momento valer a pena e deixar que o acaso os una de novo. e tem meio aqueles ecos da famigerada e assustadora geração X, aquela coisa de ficar andando aí pelo mundo sem ter muita certeza do que vai ser o futuro. sei que gostei do filme, lembro de que nele tem duas ou três frases que eu vibrei (embora não lembre exatamente quais são as frases) e apesar disso tudo eu não lembro de tê-lo visto mais de uma vez. vi em vídeo, acho que logo quando foi lançado, mas não sei precisar exatamente quando.

aí fiquei sabendo que o filme ia ter uma seqüência e a princípio achei meio nada a ver, porque lembro justamente que tinha gostado do final meio indefinido do primeiro filme. mas claro que fiquei curioso pra ver o filme e saber como tinha sido a vida desses personagens nos últimos nove anos.

aí eu assisti o filme faz alguns dias. e ele traz uma sensação estranha. primeiro porque você percebe que o tempo passou. o período entre a despedida deles no final do primeiro filme e o reencontro nesse é de nove anos, o mesmo intervalo entre o lançamento dos filmes. então assistir Antes do pôr-do-sol é um exercício estranho porque o tempo para os personagens pode ser o mesmo tempo para o espectador. então, se você viu o primeiro filme faz tempo, você vai perceber que muita coisa aconteceu na sua vida desde então, assim como aconteceram coisas na vida dos personagens. as mesmas pessoas, mas ainda assim diferentes. uma coisa a indicar isso é o fato deles terem se lamentado esses anos todos o fato de não terem trocado telefones, nem endereço. e no primeiro filme eu gostei quando eles tomaram essa atitude, mas aí nesse filme novo eu me vi concordando com os personagens de que aquilo foi um estupidez enorme. claro, a visão de mundo agora é completamente outra. o filme acaba sendo uma experiência diferente, não fica só na sala, não é só o tempo de projeção... tem todo esse intervalo de anos que você acaba se dando conta, assim como os personagens fazem no filme.

e a cena que mais me abalou no filme foi uma imitação de Nina Simone. na época do primeiro filme eu não conhecia bem Nina Simone, mas provavelmente já devia ter ouvido My baby just cares for me. acabei conhecendo e gostando muito dela. teve um ano que eu lamentei não poder ir vê-la se apresentar em São Paulo. e depois ela morreu e eu nunca mais vou poder ver um show dela. aí tem essa cena em que Celine conta que foi a duas apresentações dela, e pergunta a Jesse que diz que nunca teve oportunidade de ir. foi quando veio essa sensação que não sei definir bem o que é, mas é como se o filme tivesse se tornado real. durante esse tempo, em algum lugar entre 1995, ano do primeiro filme, e 2005, quando eu assisti o segundo, eu havia conhecido essa cantora, que veio a falecer em 2003, aí tem esse personagem de ficção que se lamenta de não ter ido a nenhum show dela e tem essa outra personagem de ficção que comenta sobre como ela era ao vivo e começa a imitá-la.
Antes do pôr-do-sol pode ser um filme muito simples em termo técnicos e estético, mas a sensação de realidade e cmplicidade que essa cena me proporcionou foi algo inédito em filmes.

domingo, março 20, 2005

...

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a sensação que fica quando o momento passou

sábado, março 19, 2005

uma conversa com Maria Flor - parte II

- Oi... desculpa vir tão tarde... eu queria conversar com alguém... aí lembrei de você
- Relaxa. Tava devendo mesmo outra conversa, hein? Por que você demorou tanto?
- Sei lá. Rolou tanta coisa durante esse tempo. Desculpa.
- Você não tem que ficar pedindo desculpa o tempo todo, tem? Vai, relaxa. Quer alguma coisa? Chá? Café?
- Água, pode ser?
- Meio sem graça, mas pode.
- Você falou uma das coisas que eu sempre quis ouvir, sabia?
- O que? Ninguém nunca te oferece chá nem café?
- Não. Você disse ?por que você demorou tanto?. Tudo bem que eu imaginava isso em outro conceito. Mas era essa frase exata.
- Legal. Disponha. Mas vai, fala o que você veio fazer aqui.
- Vim conversar.
- Sobre?
- Sei lá. Precisava conversar. E você tem uma conversa boa.
- Ok. Você tá começando a soar repetitivo. São quase cinco horas da manhã, você veio aqui por alguma razão, pra falar algo. Então, é melhor falar, né?
- Certo. Sei lá... eu tô cansado de me sentir assim... incompleto...
- Por que você se sente incompleto? Me explica. Eu acho que não sei bem o que é isso.
- Eu tava pensando agora, logo antes de tocar sua campainha: lembra do Lego? Às vezes naquelas caixinhas de montar alguma coisa... você montava o carro, a casa, sei lá o quê, aí tinha vez que sobrava alguma peça. E você pensava: por que aquela peça sobrou? Aí ficava a dúvida se tinha montado certo.
- Certo. Aí tinha a peça que sobrava do Lego, mas a coisa já tava lá montada, linda como devia ser. Por que se preocupar com a peça que sobra? Você não está incompleto porque sobrou alguma peça... sobra alguma peça em você?
- Não.... eu sou essa peça que sobra. O mundo está perfeito e eu não me encaixo. É como se eu só existisse pra as pessoas terem dúvidas se o mundo é perfeito.
- Ok. É o seguinte: o mundo não é perfeito... nem você é uma peça de lego. Agora, se entendi bem, você não tem problemas de ser incompleto, mas tem problemas porque vê o mundo completo. Você vê o mundo completo, certo? Agora me diz, por que o mundo é completo? O que te faz pensar assim?
- Sei lá... tudo. As pessoas. Tá todo mundo bem... e eu só apareço pra atrapalhar isso. A sorte é que eu sou um fracasso até para atrapalhar as pessoas. Aí o mundo continua lá, perfeito. Cada coisa no seu lugar ou próximo disso... as peças se encaixam... eu não.
- Tá. Vou te dizer uma coisa... ninguém se encaixa, pô. Eu não me encaixo. E quer saber? Eu não dou a mínima pra isso.
- Claro que se encaixam. Mesmo que tenham problemas... mas até os problemas entre elas se encaixa... você vê a tensão entre as pessoas, mas aquela tensão está dentro do contexto.
- Vai. Para de falar de maneira figurada. Diz direto o que aconteceu contigo hoje. Para disso. Você levou um fora? Ô, você levou um fora! Não foi a primeira vez, certo? Acontece com todo mundo.
- Você não é o tipo de pessoa que se mete nisso... não parece ser.
- Eu sei que você sabe. Eu sei porque você veio falar comigo. Era sobre isso que você quis falar o tempo todo. E não sei porque você não chega logo e fala.
- Tá. Eu fiz algumas merdas por simplesmente chegar e falar logo. E tem até a ver com hoje...
- Ok. Mas eu não sou assim, ok? Sei que você também não gosta de ser assim. Quantas coisas já deixou de dizer por causa dessas convenções, desses tabus? Eu já deixei de dizer um monte, sabia?
- E você agora fala tudo que vem na telha.
- É. Quase sempre. Ok. Você queria saber desde o começo como eu faço isso de não precisar estar junto de ninguém. Eu vou ser sincera, nunca parei para racionalizar bem isso. Mas pensa bem, por que as pessoas têm sempre que encontrar o amor da vida delas e terminarem a história juntos?
- Eu não quero encontrar o amor da minha vida. Não quero mais. Eu já encontrei, sei onde está... mas não quero mais chegar perto.
- Pronto. Nós nos entendemos. Você acha que precisa estar com alguém? Alguém que vai te completar, mesmo que seja a coisa mais sofrida do mundo vocês estarem juntos... Vale a pena passar por isso só para se sentir completo?
- Algumas pessoas acham que sim.
- Exato! Realmente, elas acham. E eu respeito muito isso. Respeito quando um casal consegue dar certo. Quando eles optam em ficar juntos apesar de tudo. É realmente muito bonito e gratificante. Mas é isso que é: uma opção.
- E você optou pelo contrário.
- É. Eu não me sinto incompleta. Eu me sinto bem sozinha. Também sei onde está meu amor. Sei que sou capaz de amar, mas não preciso demonstrar isso. Ele não precisa dessas demonstrações, talvez nem queira. É triste? Paciência. Minha vida vai estar perdida pra sempre por causa disso?
- Ok. Então você é feliz...
- Você acha que merece ser feliz? Você acha mesmo? Pois eu acho que você não agüenta ser feliz. Você morreria de tédio se fosse feliz.... você sempre quer as coisas mais além... só que você não aceita isso... Você quer o impossível? Alguém disse a você que era impossível e você acreditou. Agora vê só onde você já chegou querendo isso... Alguns diriam que já é muito dada as circunstâncias. Você vai dizer que não é nada... Ótimo, eu digo.
- Eu vou ficar eternamente desejando tudo que eu não tenho?
- Eu acho eternamente muito tempo. Mas se você prefere se contentar com o que tem, sai por essa porta e vá ser feliz, porque você já tem tudo que quer. Mas eu sei que você não é assim.
- Então eu devo ficar fazendo essas coisas... e tudo continua dando errado?
- Por que você não fala? Fala o que você fez que foi errado...
- Ah! Não é isso... você nunca faz nada que se arrepende? Não queria ter alguém, uma pessoa específica aqui agora com você?
- Claro. Olha... eu tive uma filha durante esse tempo em que estive fora viajando
- Uma filha? E onde ela está?
- Romênia... o pai ficou com ela. Ele se casou e a menina nem sabe que eu sou a mãe dela.
- Você sente falta?
- Sinto muita falta. Às vezes quero largar tudo e ir atrás dela...
- E por que não fez isso ainda?
- E quem vai cuidar de você?
- Caralho... tá mudando tudo. Eu esperava que você fosse personagem de um conto infantil, não de um melodrama.

terça-feira, março 01, 2005

e com esse são 210 posts, nem são muitos levando-se em conta que lá se vão mais de três anos. claro que esse post não tem a intenção de comemorar o fato de ser o 210º, mas acabou de ter a ver e o resto é só coincidência. mas o fato é que acho muito complicado esse lance de sentar para escrever. dá muito trabalho. sei que deve ter gente aqui e ali que acessa esse blog, com mais ou menos freqüência, e percebe que raramente ele está atualizado. e quando ele foi criado, eu tinha a intenção de escrever bem mais coisas. e muitas delas até começaram a ser escritas, mas, na maioria, o texto não conseguia transmitir o que eu queria dizer. exatamente porque isso de sentar para escrever nem sempre funciona comigo. quando eu tenho o que escrever, o texto sai até rápido. no caso oposto, eu posso passar muito tempo sem conseguir escrever nada, ou escrevo e apago e fico revisando várias vezes. também tinha aquele lance de que eu não queria que o blog se transformasse em uma obrigação. de ter que ficar atualizando só para atualizar. e das vezes que fiz isso foi desastroso. e também pode-se notar que os textos nunca são longos. eu não acho que tenho algo a dizer por mais de alguns parágrafos. e não estou dizendo isso por exagero. claro que eu já escrevi coisas que ultrapassaram as 100 páginas. mas é algo que é totalmente a parte. ou é algo que considero como dever, ou algo que é um forma de praticar. tá. as pessoas que me conhecem sabem que boa parte das atividades que eu me envolvo, tanto por opção quanto para poder me manter, dizem respeito a escrever. no caso do jornalismo, que no momento é essa forma de me sustentar financeiramente, é um texto que sai quase no automático. a maioria das matérias que escrevi eram do tipo fill the gaps e quando não, foram editadas até ficarem tão sem graça quanto as primeiras. no caso da produção acadêmica, eu encaro como um resultado daquilo que venho estudando. não me interessa tanto o que escrevo, mas o que estou estudando. quanto aos roteiros, é algo que realmente eu gosto de fazer, embora não seja nada prazeroso. gosto de bolar as cenas, gosto de ir desvendando os personagens no decorrer da história, quando surge uma fala boa ou uma solução interessante para ligar as cenas (e isso é algo bastante abstrato) é algo que me faz ter certeza que é isso que quero fazer. então é isso. é meio que uma justificativa, mas é mais pra escrever algo sobre como é complicado essa coisa toda de sentar para escrever.

domingo, fevereiro 27, 2005

então... é sabado de noite e você sai. é o que você faz porque é sábado de noite. e você vai se divertir. e ver pessoas. e conversar. e rir. mas tem sempre algo que te assombra ao longo das horas. e é essa certeza. e vez por outra você esquece dela, mas ela está sempre a mandar recados. então você chega em casa. todos estão dormindo. você acende a luz do quarto. e, enquanto se prepara para dormir, a certeza que lhe assombrava agora se concretiza. você está completamente só.

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Ok. Eu deveria estar escrevendo sobre outras coisas. Afinal, eu tenho um mestrado pra terminar. Mas eu preciso mesmo escrever isso. Porque assistir Menina de Ouro fez lembrar como cinema se presta a contar histórias, a apresentar personagens como pessoas de verdade e oferecer imagens inesquecíveis. Sim. Esse filme faz tudo isso. Primeiro, porque tem uma voz melancólica narrando tudo, mas não é aquele tipo narração óbvia de dar chiliques em cineastas mais clássicos, nem espertinha para fazer a festa dos mais descolados. É um relato, não de como as coisas aconteceram e são mostradas no filme, mas que serve para localizar a história em algum lugar na memória afetiva do narrador. Poderia soar piegas, sem dúvidas, e talvez até soe. A questão não é essa. Porque dá para entender os motivos daquele narrador falar daquela forma quando se conhece, durante o filme, os personagens com quem ele conviveu. Talvez fosse exatamente assim que um zelador de uma academia de boxe agisse ao falar dos seus amigos. E eles estão lá, bem no primeiro plano, não implorando por atenção ao seu drama e sim vivendo aquela situação. Falas interessantes, mas que não foram ditas com esse propósito. E não é que o filme traga planos impressionantes ou imagens, digamos, "inovadoras". É um filme com soluções visuais coerentes: imagens simples que nos apresentam aquele treinador, aquela lutadora, que era garçonete. Que em uma das cenas tem o nariz quebrado e agüenta a dor. Que sangra. Enquanto o treinador guarda cartas dentro de uma caixa de sapato. E come uma torta de limão atrás de uma vidraça embaçada.

sábado, fevereiro 12, 2005

"nesse carnaval, se for pular, beba; se for beber, não brinque; se brincar, não dirija; se dirigir, não entre em briga; se brigar, me chame; se me chamar, apanha; se sair em bloco, use camisinha; se for transar, não me interessa"

pior que viviam falando direto para as pessoas usarem camisinha, em todo lugar rolava uma propaganda do ministério da saúde. mas nunca diziam que as pessoas tinham que usar durante o ato sexual. é aquele esquema "vista-se", "proteja-se", "use". bom, mas pelo que pude atestar, a campanha do MS deu certo, porque tinha um monte de gente usando comisinha durante o carnaval. em todo canto que eu ia tinha alguém com aquele coiso escrito "vista-se" que vem com uma camisinha dentro pendurado no pescoço.

quarta-feira, janeiro 26, 2005

..era para ser um post sobre um filme que eu vi (com uma conversa de msn sobre minha situação no mundo..
Love healing... diz:
- Vc viu no post que tem a foto de Ivete Sangalo o povo falando bem de Closer?
luiz diz:
- vi não
Love healing... diz:
- Veja.
luiz diz:
- já saturei de closer e orgasmos femininos

terça-feira, janeiro 25, 2005

...everything seems so wrong now.
it's only natural i'm so blue
she was too good too me

domingo, janeiro 16, 2005

$.um homem com crédito na praça.$

Aí como teve a última parcela do décimo terceiro, algumas sobras de meses anteriores e o fato de minha fatura do cartão de crédito já estar alta por causa da viagem - e... aquela história... de que dívida e confusão só prestam se for grande... bom, são algumas coisinhas que compre nesse período de final de ano/começo de ano.

Comprinha básica de DVD nas americanas.com
A lenda do cavaleiro sem cabeça - Gostei muito desse filme quando vi no cinema. Claro! Hosto muito do Tim Burton, e esse é um filme bem Tim Burton. E ainda tem Johnny Depp e Christina Ricci. E o visual é baseado nos filmes da Hammer. Li em algum lugar que esse filme foge um pouco daquele esquema usual dos filmes dele de mostrar sempre um outsider, alguém que não se encaixa na sociedade. Bom, não concordo. Porque, além de se tratar de um policial que questiona os métodos da época, é, em boa parte do filme, um forasteiro, em uma cidade onde todo mundo parece ter seu lado outsider também. No geral, é um ótimo filme de aventura. O DVD vem com entrevistas e making of, e comentários de Tim Burton. É o terceiro DVD dele que eu tenho.

O bebê de Rosemary - Esse eu tinha visto quando passou na Globo, e eu ainda era criança. Lembro que tinha ficado com muito medo, na época. O suficiente para ficar com medo do filme durante muito tempo. Mas, revendo agora, dá pra sacar que o filme tem um senso de humor que não tinha notado quando era criança, e ele é mais desconcertante do que aterrorizante. O DVD vem com entrevistas recente com Polansky, Robert Evans (aquele mesmo do The kid stays in the picture) e Richard Sylbert, desenhista de produção. E, pô, o filme foi rodado no Dakota, isso sim deu medo.

Era uma vez no oeste (Edição para colecionadores) - A culpa é de Tarantino, eu acho. Mas, pô, esse filme é uma síntese de filmes de faoreste (ou bang-bang como dizia meu pai). Já tinha assistido uma vez, em VHS. O que me chamou atenção na época foi a trilha que martela os mesmos temas quase sempre, Claudia Cardinale, Hanry Fonda malvado e de capa, a morte do menino logo no começo, Charles Bronson tocando gaita e aqueles planos... demorados... longos... muito longos... principalmente o da abertura. Vendo de novo, o filme é aquilo tudo mesmo. Tem aquela história toda sobre progresso e espírito empreendedor, e vingança e corrupção. É um DVD duplo, vem com comentários de diretores influenciados pelo filme, com pesquisadores de cinema e a equipe. No segundo disco tem três documentários sobre o filme, o trailer do cinema e um curta metragem sobre a ferrovia. Em um dos documentários fala sobre a trilha sonora e em como Morricone usou muito do barulho do ambiente para contrapor aos temas. Por isso aquele barulho do moinho na cena da abertura.

Era uma vez na América (Edição especial)- Como comprar um e não comprar o outro? Tinha visto em vídeo também. E na época me pareceu um filme longo, confuso, mas com imagens maravilhosas - entre elas, Jennifer Connelly. Aí assisti outras vezes e entendi melhor a história, e aí fica fácil compreender porque é longo. É um filme interessante sobre máfia, mas principalmente por causa dos personagens. Por isso é mais um filme de reminiscências. Também é um DVD duplo, até porque o filme está dividido em duas partes. Vem com um comentário de um crítico, trailer, e um documentário chamado Era uma vez Sérgio Leone. E lá aparece Tarantino, meio que se acusando.

O homem que não estava lá - O filme é massa. Sempre gosto de revê-lo. Principalmente porque tem o Billy Bob, e a narração dele é ótima. A fotografia que é impecável, assim como a ambientação. A história é parecida com as coisas que os Cohen fazem, algum plano que não pode dar errado, mas é claro que vai dar errado, e não acaba nada bem. E tem Scarlett Johanson como aquela menina magrinha com voz meio rouca e lábios grossos. E tem a Frances também. Vem com making of, entrevista com o fotografo Roger Deakins e umas cenas com montagem diferente. A mais interessante é a da argumentação daquele advogado fodão, que no filme aparece com a narração por cima.

Gastando algum na Cultura
O profissional - Sabe a Natalie? Bom, a culpa é toda desse filme. E acho que não tinha como ser diferente. Gosto muito desse filme, acho o melhor de Luc Benson. A versão que vem nesse DVD é européia, mais longa. A lançada por aqui, no cinema e em VHS foi a americana (é a mesma que passa de vez em quando na Band). A diferença primordial entre as duas versões é que a relação existente entre o assassino e a menina fica mais evidente. Talvez para não chocar o público americano, a paixão entre os dois fica, quando muito sugerida. Não, não rola nenhum beijo ou coisa assim. Mas tem uma cena de um jantar que é ótima. O DVD tem uma opção em que você pode assistir ao filme sem diálogos, só a trilha sonora, como se fosse um filme mudo. É bem estranho.

The Illinois Concert - Eric Dolphy é um dos meus músicos favoritos de jazz. Foi Haymone quem me falou dele, na época do nosso programinha de jazz. A fita desse concerto tinha sido lançada em bootleg na década de 70, graças a um radialista que conseguiu gravar para tocar no seu programa. A Blue Note lançou em CD nos anos 90. Dolphy tem pouca coisa gravada como líder, e menos ainda em apresentações. Daí a importância desse disco. No piano está um jovem de 22 anos chamado Herbie Hancock.

Blue Note Plays Burt Bacharach - Uma coleção de sucessos de Bacharach gravado pela galera da Blue Note. É interessante porque Bacharach não é compositor de jazz, mas é comum os músicos fazerem versões mais ou menos jazzísticas das músicas dele. Minha preferida é Grant Green tocando I'll never fall in love again, mas também tem Nancy Wilsson interpretando Alfie. A mais bizarra fica a cargo de Stanley Jordan (sempre ele) numa versão só guitarra para One less Bell to answer.

Aproveitando a promoção do submarino (comprei alguns CDs de presente e um pra mim)
Coisas - A primeira vez que dei por conta de Moacir Santos foi por causa de uma reportagem do Vitrine, que falava sobre o disco Ouro Negro, que resgatou boa parte da obra dele, mas que na época ainda era um projeto. Depois de um tempo, também por causa do programa de rádio sobre jazz, acabei encontrando nos arquivos da rádio o disco The Maestro, lançado pela Blue Note. Foi quando pude ouvir. Coisas é anterior, foi gravado ainda no Brasil. Moacir Santos influenciou muito a galera da Bossa Nova, e o disco deixa isso bem evidente. É interessante notas que ele não toca em todas as faixas, é mais o arranjador e compositor do disco, mas mesmo assim o disco leva seu nome. Também poderá, as dez coisas que ele apresenta (todas as músicas de chamam Coisa), são maravilhosas com um ótimo trabalho de orquestração.

Mais algum para a Cultura
Diamonds on the inside - Eu vivia atrás desse disco. Tive oportunidade de ouvi-lo na época do lançamento graças à Radio Uol e a uma senha de terceiros. Só tinha ouvido Bem Harper poucas vezes. Mas eu curti muito o disco. Aí tinha visto na cultura, mas não comprei logo de cara. Gosto muito desse disco, principalmente da música que abre With my own to hands, um regão como há muito eu não ouvia. E o resto do disco todo se mantém. Meus destaqes são Bring the Funk, a balada que dá nome ao disco e a última faixa, She's only happy in the sun.

De passagem pela saraiva.com, mais promoção
Feels Like Home (Deluxe Edition) - Eu já escrevi um texto aqui falando sobre a Norah Jones. E a opinião é a mesma. Acho legal, mas não faz tanta diferença. Comprei esse pacote porque tava com preço de CD, mas vinha com um DVD também. Começando pelo DVD, que foi o primeiro que eu vi: tem uma apresentação ao vivo, quatro músicas, dois clipes e uma entrevista. Eu prefiro as gravações dela ao vivo (lembro até uma vez que comentei isso e Haymone disse que era melhor o DVD porque ia poder vê-la também). Pois é, aí está ela lá, com uma surra no cabelo (comentário homo), tocando piano e cantando. Engraçado que ela não é uma beleza fora do comum. E talvez por isso seja legal vê-la, porque realmente poderia ser sua amiga da época do colégio. O CD é exatamente aquilo que se espera de um disco dela. Só que esse tem uma carga Country bem mais acentuada. O que fica claro com a participação de Dolly Parton em Creepin' In. Tem também um cover de Tom Waits (The long way home). É um disco bem produzido, bem executado e com boas músicas. Bem Norah Jones.

Mind, Body and Soul - É, eu gosto mesmo de Joss Stone. E há uma certa coincidência no fato de ter comprando esse segundo disco dessa inglesinha junto com o da Norah Jones. As duas são jovens cantoras que meio que resgatam aquilo que não viveram. Mas o disco de Joss Stone é extremamente pop, mas não tão pop como as cantoras pop da geração dela. E acho que é por isso que gosto. Acho que a voz dela é legal pro tipo de música que ela canta.

Os Bons Companheiros (Edição Especial) - Filme de gangster? Alguns dizem que esse é o melhor de todos. Eu acho fuderoso. Tem De Niro, e Joe Pesci é detestável, e Ray Liotta é Ray Liotta, e Lorraine Bracco é a mulher de mafioso. O mais legal desse filme é olhar para o mundo do crime organizado com uma certa ironia, como na cena em que a maioria dos gangsters se chama Pete ou Paulie e estão casados com mulheres chamadas Maria. E por ser um filme que se passa ao longo de décadas, consegue resgater músicas de cada período. Então o filme consegue mostrar com tensão um pouco de como deve ser viver nesse mundo, viver sem saber das coisas ao certo, mas ainda assim ser apaixonado pelo que faz. O DVD vem com comentários com o diretor e os atores. Tem também entrevistas com cineastas que foram influenciados pelo filme e making of.

sábado, janeiro 15, 2005

e havia tantas coisas para se escrever a respeito...
mas como escrever se nem tudo se traduz em palavras?
se o verbo falha em tentar explicar algo que um simples gesto acusaria
ou uma sensação que ninguém nunca vai compreender, até que sinta
porque qualquer descrição, por mais perfeita que seja, vai encontrar sempre uma falha, que por menor que seja vai ser sempre um abismo entre o ato de ler e a presença.
então? pelo amor de Deus! por que continuar escrevendo?
quando souber responder... bom... aí eu paro.