Ok. Eu deveria estar escrevendo sobre outras coisas. Afinal, eu tenho um mestrado pra terminar. Mas eu preciso mesmo escrever isso. Porque assistir Menina de Ouro fez lembrar como cinema se presta a contar histórias, a apresentar personagens como pessoas de verdade e oferecer imagens inesquecíveis. Sim. Esse filme faz tudo isso. Primeiro, porque tem uma voz melancólica narrando tudo, mas não é aquele tipo narração óbvia de dar chiliques em cineastas mais clássicos, nem espertinha para fazer a festa dos mais descolados. É um relato, não de como as coisas aconteceram e são mostradas no filme, mas que serve para localizar a história em algum lugar na memória afetiva do narrador. Poderia soar piegas, sem dúvidas, e talvez até soe. A questão não é essa. Porque dá para entender os motivos daquele narrador falar daquela forma quando se conhece, durante o filme, os personagens com quem ele conviveu. Talvez fosse exatamente assim que um zelador de uma academia de boxe agisse ao falar dos seus amigos. E eles estão lá, bem no primeiro plano, não implorando por atenção ao seu drama e sim vivendo aquela situação. Falas interessantes, mas que não foram ditas com esse propósito. E não é que o filme traga planos impressionantes ou imagens, digamos, "inovadoras". É um filme com soluções visuais coerentes: imagens simples que nos apresentam aquele treinador, aquela lutadora, que era garçonete. Que em uma das cenas tem o nariz quebrado e agüenta a dor. Que sangra. Enquanto o treinador guarda cartas dentro de uma caixa de sapato. E come uma torta de limão atrás de uma vidraça embaçada.
terça-feira, fevereiro 15, 2005
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário