One last question: What's better about being 28 than 18?
Everything. Just... everything.
eu provavelmente não tenho mais idade para que uma cantora pop seja assim tão importante para a minha vida, mas me parece que Extraordinary Machine é um disco que eu tinha mesmo que ouvir nessa fase da minha vida. eu lembro que o disco anterior dela, When the pawn..., foi um dos discos que eu mais ouvi na minha vida, ouvia praticamente toda a noite e mais de uma vez. na época eu estava escrevendo um roteiro de um longa - eu tinha colocado na cabeça que ia passar a vida escrevendo roteiros de madrugada, tomando café e acordando tarde -. nessa época ela namorava com o PT Anderson, que já era um dos meus diretores preferidos, mas foi tudo uma feliz coincidência. sei que pouco tempo depois ela sumiu, e a vida continuou. eu não esperava mais que ela voltasse a gravar discos. vez ou outra aparecia na interne alguma gravação lo-fi dela cantando standards acompanhada por Jon Brion em um clube de Los Angeles chamado Largo...
eu não sei as razões que levam alguém a gostar de um disco (inclusive esse afeto relacionado com alguma forma de expressão ou representação é algo que eu gostaria de estudar), mas eu acho que mais de 50% dos motivos de qualquer pessoa gostar de algo assim (seja uma música, um livro, um disco, um filme, uma fotografia, um outdoor...) não faz parte do objeto, mas sim de quem o aprecia. não que eu não ache o trabalho da Fiona musicalmente interessante, pelo contrário, e esse disco mostra que ela tem algum tipo de assinatura musical, afinal foram três discos com produtores bem diferentes entre si, e mesmo assim é, de fato, um disco da Fiona Apple. não dá pra dizer que é pelas letras que trazem aquele fascínio, por ser uma mulher falando sobre a vida dela e sobre coisas que eu nunca vou entender de verdade, e alguma identificação, por ser uma pessoa que tem a mesma idade que você e passa pelos mesmos problemas de indefinição da vida. vai ver, no fundo é por causa da Fiona mesmo... porque era impressionante aquela menina tão vulnerável dizendo que havia feito mal a um homem delicado que a amava enquanto deslizava de calcinha por uma casa cheia de adolescentes também em roupas íntimas... e agora é no mínimo reconfortante que ela virou essa mulher, talvez ainda vulnerável, mas agora com algumas certezas sobre si mesma e sobre como encarar a vida daqui por diante...
sei que pra muita gente Fiona é chata. e provavelmente eu corro um enorme risco de ser mal interpretado escrevendo isso aqui... ou não, porque eu nunca neguei que sou chato também. o fato é que música é pouco para você tentar definir uma pessoa. quando alguém que eu nunca esperaria que pudesse gostar da Fiona diz pra mim que gosta é algo que não deveria me surpreender.
sexta-feira, dezembro 09, 2005
uma trilha para o retorno de saturno
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