Aquela sessão de Vá e Veja na Fundação foi um dos momentos mais devastadores da minha vida. É engraçado essas coisas que a gente faz só porque gosta de cinema. O filme estaria numa lista dos melhores que eu já vi, certamente é um dos mais impactantes e extremos que já me atingiu. E foi em cheio. Eu não conseguia pensar em mais nada ao final do filme. As pessoas pareciam acompanhar um cortejo fúnebre quando se dirigiam a saída, ninguém falava nada, todos de cabeça baixa. E tipo, este não é um filme em que você chora por causa dos personagens e depois tudo fica bem. O filme te mostra com agonia o sofrimento das personagens, mas não é um filme pra chorar. É um filme que te incomoda de uma forma intensa.
Pra quê ir ver um filme pra sofrer tanto assim? Tem gente que acha um absurdo ir ver um filme pra ficar mal. Talvez eu tenha ido mesmo por gostar de cinema. Mas não é só isso. Sensações como estas provocadas por Vá e Veja fazem parte da vida, e podem ser aceitas como fruição estética. É uma discussão muito grande, na qual não quero entrar, sobre o porquê da arte e coisa e tal. O fato é um ótimo filme, mas não dá pra dizer que gostei. Não indiquei a uma pessoa sequer. Tem uma diferença entre achar uma obra boa e de fato gostar dela. Na verdade, nem sempre é preciso gostar pra ser uma experiência válida.
No meio do filme tem uma cena que eu achei prazerosa e bela de fato. Tem essa moça dançando como uma bailarina de cabaré em cima de uma mala no meio de uma floresta. Mesmo assim é uma cena desconcertante porque surge logo depois de um ataque aéreo, a tal floresta está bem devastada, a moça está toda suja de estilhaços e pólvora e fumaça; o som que acompanha a cena não é nenhuma música, um ruído contínuo, pois o personagem principal (o plano é uma subjetiva) está surdo devido à explosão.
Tem essa crítica que dá mais detalhes sobre o filme
quarta-feira, agosto 16, 2006
coisas para gostar, mas que fazem sofrer...
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