domingo, maio 26, 2002

Depois de ver cinco vezes, Magnólia continua sendo uma experiência incrível. Dessa vez eu vi por causa de um artigo que estou escrevendo para o mestrado; uma disciplina sobre comunicação e cidade (escrevi sobre ela antes). E foi muito importante ter sido hoje, já que eu estava um pouco enojado das pessoas. O filme mostra exatamente como é algo confuso isso de conviver com pessoas. Lembra a frase final de Um bonde chamado desejo - "sempre dependi da boa-vontade de estranhos", só que em Magnólia esse sentimento tem um tom mais otimista do quem na peça, porque a boa-vontade desses estranho é que empurram a vida pra frente, e isso tá bem presente no filme. Também tem um pouco da crueldade dos estranhos, como a cena da farmácia - "Shame on you, shame on both of you" - ou a cena que a jornalista provoca o cara com perguntas sobre o passado dele. Fez-me lembrar de uma sensação que ocorre quando você esbarra na pessoa e ela parece ser muito importante... Uma vez eu tava no ônibus, voltando do Shopping, tinha acabado de ver Arquivo X, aí eu vi uma menina, parecia ser bem nova, uns 14 anos, ela tava sozinha na parada e depois subiu no ônibus. Fiquei impressionado porque era tarde para ela estar sozinha pegando ônibus, sozinha mesmo, sem nenhum amigo ou amiga. Fiquei pensando se ela não tinha se metido em alguma roubada, dessas de perder a hora e ter que voltar só pra casa e que talvez estivesse com medo de ter estado só naquela parada, e que alívio não deve ter sido ver o ônibus e subir nele. Fiquei pensando muito nela... ficar preocupado com uma pessoa que você nem conhece, que nunca mais viu depois... Aí, a gente pára pra pensar se ela era uma pessoa importante, especial e tal... Bom, eu não sei... mas por causa dela eu escrevi meu primeiro roteiro.

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