tinha sido um final de semana bem movimentado, que, não por acaso, começara na quinta a noite, em uma festa que foi igualmente animada e seqüelada. sexta teve o primeiro dia do abril pro rock, sem muita empolgação pra ver muita coisa, mas muito divertida no final das contas, graças principalmente ao Stereo Total (bandinha massa) e ao Diplo, até. mas também foi uma noite errada no final das contas. então sábado eu fui pra praia - boa viagem, primeiro jardim - e não lembro a última vez que havia ficado tanto tempo em qualquer praia que fosse, e acabou que foi muito legal, apesar do sol e do vermelho em algumas partes do corpo. e ainda teve uma incursão pelos temperos fortes do Applebee's, com direito a parafuso na limonada e uma garçonete muito feliz demais, mas no final das contas ficou aquela sensação de fastio provocada pelo refrigerante free-refil. e deve ter sido pouco depois disso que começou.
o plano para conseguir provar que tudo isso não tinha tanto peso: horas e horas preparando o show de Camille - músicas, fotos, vídeos. sonho, até. uma agonia desgraçada até chegar ao pavilhão, mais uma noite de abril pro rock. sei que teve coisas boas antes e depois do show - Cidadão Instigado; Lafayette, até; Cachorrão (o melhor? talvez) - e teve uma trilha sonora enquanto eu varava a cidade no banco de trás de um carro - e era uma música muito boa e redentora, até. devia estar muito chato, porque deixava claro o quão insignificante estava todo o resto diante dela. e não estava nos planos ficar daquele jeito por causa dela, mas eis que era inevitável. e o show começa, e a pessoa sabe que é bom, mesmo não sem ser escutado como merecia, mas o pior é que nem isso parecia ser importante a partir de agora.
ela lê um papel e saca logo que é sobre aquela música, que tem um refrão massa, que fala dos ex. e ela precisa dos ex dela no palco. não tinha outra coisa pra fazer, não tinha como não ser. aí foi. não sei quantas pessoas viram aquilo, sabia que não era uma coisa muito legal de se fazer. mas eu precisava ver Camille de perto. tipo, precisava mesmo. ninguém vai fazer muita idéia. e ela falou para as pessoas dançarem, e os outros começaram a fazer uma dança sincronizada, mas eu nem me liguei porque estava olhando para ela. não tinha mais nada para ver. e uma hora ela se vira e fica de frente para mim, e sem saber bem se era um convite eu vou danço na direção dela. depois até faz o mesmo com os outros caras que subiram ao palco - com aquela lambada assustadora de um amigo que me fez lembrar o que é v.a.. aí acabou a música e tinha que descer do palco, e os outros vão na direção dela e uma menina fala que ela é muito bonita, um gordinho pede um autografo em um CD e não sei o que mais... e aí eu me aproximo e dou um beijo no ombro dela. num sei porque, mas foi. e aí eu vi os olhos dela.
depois de ver o resto do show da platéia, voltar a realidade. e como tenho um senso de realidade meio distorcido, só tenho certeza que realmente beijei o ombro da Camille porque as pessoas ainda vêm me falar sobre isso.
segunda-feira, abril 24, 2006
vastas emoções e pensamentos imperfeitos ou o ombro de Camille
quinta-feira, abril 13, 2006
uma conversa dez anos antes de maria flor ir embora
cadê você?
aqui
explica como é que funciona
porque eu já tô prestes a desistir
o que?
isso...
as pessoas se interessam por outras
elas saem
elas ficam
elas namoram
parece simples
mas eu não entendo
é simples
o mecanismo
não acontece
não funciona
por que não?
acho que tu fica esperando...
quando a gente espera, nunca acontece
pelo menos é assim que é comigo
não...
não é esperar
o que é?
eu espero um ônibus na parada
porque sei que cedo ou tarde ele passa
eu espero começar um filme, na hora da sessão
e normalmente ele começa
espero que uma hora o sono chegue
e na maioria das vezes ele chega
isso é esperar
tu não acha que uma relação pode chegar também?
não
porque isso não faz parte da natureza
da natureza de ter uma relação
por que tu acha que não?
as pessoas nascem sozinhas e morrem sozinhas
isso faz parte da natureza
da natureza de estar só
então você pode esperar ficar só
ou
fazer algo, que não é esperar, pra conseguir dividir algo com alguém