segunda-feira, julho 29, 2002

"Pra quê eu vou atualizar meu blog se eu não atualizo minha vida"

Lilo



Esta frase foi usada para justificar a desatualização do blog. Ela bem poderia fazer parte do blog referido no post anterior, mas talvez fosse 'existencialista' de mais para isto. Bom, o fato de estar aqui atualizando o blog, não é exatamente por ter atualizado a vida. Antes disso, ainda estou no processo de atualizar a vida e atualizar o blog faz parte dele. Então...

Tenho pensado muito num filme que até já mencionei aqui antes: O homem que não estava lá dos irmão Cohen. Quando fui ver o filme fui esperando ver um filme técnica e esteticamente magnífíco mas sem muito conteúdo, como foi dito numa crítica que eu li, já que as outras também não davam muita atenção a que o filme podia ter a oferecer como discussão sobre a vida. Quando cheguei na Fundação, encontro uma ex-colega de trabalho que acabara de ser exonerada. A gente conversou, inevitavelmente, sobre o acontecido, perguntei-lhe se tinha algo em vista e coisas do tipo, falamos também da participação dela na produção de um curta, dos irmãos Cohen e, claro, da expectativa pelo que estávamos prestes a assistir.

Sim, o filme. É realmente o que tinham dito: uma homenagem aos filmes noir. Clima bem construído, fotografia de um preto-e-branco contrastado, fumaça, cigarros, atuações frias e distantes, diálogos, narração em off e mais diálogos. Mas e a história? Um homem se empurrando pela vida; mulher, casa, trabalho... tudo que torna uma vida completa... e tediosa. A forma dele se relacionar com a mulher, com o sócio e com as demais pessoas, pode parecer incomodamente forçada e irreal, mas a medida que o filme avança é exatamente isto que torna tudo mais triste. Vemos, então, este sujeito indo atrás de um desejo, tentando mudar de vida com a lavagem a seco. Quer dizer que ele tem ambição. Claro que tudo dá errado. E dá errado e errado... até que o filme acaba. A luz acende, nós saímos da sala... mas eu deveria esquecer aquilo tudo rapidamente. É um filme de forma, não de conteúdo. Por que ele continua na cabeça? Não era para levantar nenhum tipo de questionamento, mas por que tem algo nele que me deixa muito pensativo?

Não sei dizer exatamente se foi a forma que se tornou o conteúdo, creio que não. Poderia falar que estava suscetível a isso tudo. E se reconhecer isto é porque acredito que uma coisa não invalida a outra. Se tivesse ido ver, sei lá, algum filme do Jackie Chan, dificilmente teria feito os mesmos questionamentos. Bom, voltando. Saímos da Fundação e enquanto acompanhava minha colega até o ponto de ônibus – voltei a pé, como de costume – a gente não falou muito sobre o filme, mas acho que tivemos a mesma impressão. O única coisa que lembro bem é que ela falou pelo, acho que pro filho dela, que o filme era muito bom e que depois comentou comigo: “não sabia que era um filme tão triste”. Senti um frio pelo corpo, uma espécie de solidariedade. Mas era estranho porque constatei que ela estava numa situação parecida com a que eu tinha enfrentado alguns meses antes: ter levado um golpe em cheio na auto-estima (depois soube o que acarretava ela ter perdido o emprego, sustentar a família e tals). Era estranho ver alguém passando por aquilo e não puder fazer muita coisa. Quando a gente se afastou senti muitas coisas. Estava triste por causa do filme. Uma das coisas que mais me caracterizam é falar pouco. Então lamentei não ter dito nada a ela. Tristeza e lamento... acho que a única coisa que me confortou, foi o pensamento de que aquilo tudo fazia parte da vida. Talvez a gente passe por essas coisas exatamente por isso, pra pensar na vida, pensar no que a gente está fazendo dela. Às vezes é difícil entender onde estamos, porque a gente só faz correr de um lado para outro tentando dar sentido a tudo. Naquele momento, foi agradável saber que estava voltando para casa. Assim como ela estava, e um monte de outras pessoas.

sábado, julho 13, 2002

Denilson Neles
Dessas coisas que eu sempre quis que alguém dissesse para não ter o trabalho de eu mesmo dizer.

quarta-feira, julho 10, 2002

Algo incrível aconteceu hoje. Consegui comprar o Angel Dust. Isso mesmo. E agora há pouco estava escutando-o e é exatamente o que eu disse antes. Quem acompnha esse blog deve lembrar um post antigo falando de alguns discos de rock e tal. Nele eu dizia que este era um disco que eu queria muito ter e não tinha. Pois é, agora tenho. E nem vou dizer que eu o encontrei. Pois hoje mesmo estava comentando que já faz tempo que não saio para procurar discos em sebos ou em lojas (os últimos que comprei foi na internet). Aconteceu assim: hoje, como teve programa (HoraJazz, quartas 20h, Universitária AM), fui para a Federal, cheguei cedo na esperança de encontrar alguém conhecido que pudesse pegar um livro para mim na biblioteca. Isto não aconteceu, no entanto ao passar da parada para o CAC vi um sujeito vendedo livros, CDs e fistas de vídeo, tu esplhado pelo chão. Depois de constatar que não encontraria ninguém para tirar o livro, fui até esse sujeito e logo vi o Angel Dust lá. Pensei um pouco se o comprava ou não, mas não resisti. Custou 5 reais. Mas, como dizem, tá valendo. Em suma, foi o disco que me encontrou.

No mais, o programa foi legal hoje.

Dr. Fantástico ou Como parei de me preocupar e comecei a amar a bomba
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Walden ou A vida nos bosques
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Bonitinha mais ordinária ou Otto Lara Resende
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A peleja de Tião contra o mal uso do eletro doméstico na vida cotidiana ou Como viveu um liqüidificador com consciência social

terça-feira, julho 09, 2002

Como vai ser o dia em que morrer? Vai ser ensolarado com pessoas se divertindo de um canto a outro? Vai ser frio e cinza com pessoas descasando em casa? Vai ser quente com pessoas usando roupas leves ou trancadas em ambientes refrigerados? Vai ser chuvoso com algum desavidado correndo para se abrigar?

domingo, julho 07, 2002


Razões para este post:
Hoje senti uma necessidade tremenda (é um adjetivo que raramente uso) de ouvi Mogwai. Nunca pensei que fosse sentir isso. Não que a banda não seja boa. É boa. Muito boa. Incrivelmente boa. Mas não é o tipo de música que costumo ouvir em momentos como esse (perdoem-me não dizer como é um momento como esse, mas de outra forma esse seria um blog muito confecional). Comprei recentemente o Ten Rapid da referida banda. Não sei porque escolhi esse disco, uma vez que nem é um disco oficial da banda, se não me engano é uma coletânea, mas nesse disco tem uma música chamada Angels versus Aliens que já tem um título sensacional, e mantem-se sensacional até o fim. Provavelmente foi esse disco que me escolheu (sem querer fetichizar demais as coisas).

A tarde fui para a Universitária AM, e junto com alguns membros da nação SUNAB, programei músicas e apresentei em alguns momentos. Fiquei encarregado diretamente do bloco de samba, depois do de black e de rock '90. Mas talvez o que mais tenha chamado em toda minha participação na SeleçãoInformal tenha sido a versão de Gary Burton para Chega de Saudades. Bom, acho que a maioria das pessoas deve conhecer a música e não preciso dizer que ela tem uma melodia linda e tal. Pois bem, a versão de Mr Burton foi muito comentada pelo fato de ser um absurdo alguém programar essa música. Me levou a pensar que talvez o mundo não esteja apto a tolerar a beleza quando ela se disfarça num longo solo de vibráfono. Mas acho que o melhor de tudo foi mesmo Gilberto Gil fechando a Seleção com a música Lamento Sertanejo pedida por Haymone. Essa música é do disco Refazenda de 1975. Belíssima.

Depois fui para a Unidade Móvel no Pátio de São Pedro. O vídeo de Daniel (que por sinal eu ajudei a bolar) foi exibido. A reação acho que não foi a esperada por ele, nem por Jarmeson... eu não conto porque eu tenho o senso de realidade distorcido. Ah! no Pátio tinha um monte de gente e rolou uns shows e tal. O do Supersoniques foi legal, mas não prestei atenção o tempo todo, o do Astronautas foi um pouco mais diferente do que da outra vez, mas acho que não gosto mesmo da banda. Não sou bom em falar de música. Sei que, no Pátio, o fato de ter escutado Mogwai logo quando acordei foi determinante para minha noite, o clima era o mesmo da música. Sem falar que me fez lembrar dois filmes que não tinham exatamente muito a ver com o clima do Pátio, um é O homem que não estava lá, dos Cohen, e Poucas e Boas, de Woody Allen. O primeiro fala de desejos oprimidos que levam o sujeito a quase se anula (por falta de um termo melhor). O outro é sobre um sujeito que só percebe o que tinha conquistado depois de perder tudo. Embora alguns tentassem dar a noite um tom Star Wars, em homenagem ao recem-assistido Ataque dos Clones (filme legal que não me acrescenta nada como ser humano mas é uma experiência que não perderia), esses filmes marcaram bons momentos desta noite. Bons não exatamente no sentido de agradáveis, mas, antes, no sentido de substanciais, se é que pode ter este sentido.

quinta-feira, julho 04, 2002

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