coisas legais que fazem o mundo fazer sentido:
sorvete de pistache
Natalie Portman
Bonequinha de Luxo (o filme)
End of the century
Adios Nonino
os personagens dos filmes de Tim Burton, Truffaut e Woody Allen
as tirinhas da Mafalda, do Peanuts e do Homem-Catraca
fazer parte de uma banda (mesmo não sendo exatamente um integrante)
escrever dialogos
ficar calado na presença de uma pessoa sem isso ser nada demais
conversar durante horas sem ter que se esforçar para arrumar assunto
A invenção da solidão
tirar fotos
andar de carro de noite no banco do carona enquanto pessoas queridas dirigem
Dani e Flávio colocando som
dançar a noite toda em uma festa
a calma que vem depois que você sai da festa
ler "bom dia, l." escrito por Chica no meu msn
receber um convite inesperado
All the young dudes
a voz de Briza
Uma mulher é uma mulher
encontrar Sil, mesmo quando a gente não conversa
Embriagado de amor
Coisas
Ain't no sunshine
Coltrane
Maria Flor
O clube da esquina
cinema
contar histórias
terça-feira, julho 26, 2005
... não é exatamente um post positivo ...
sexta-feira, julho 22, 2005
a insônia, o motivo e formas tortas de conseguir sua compensação
talvez fosse conseqüência do fuso. claro que não era. já tinha se passado muito tempo desde que ela voltou. mas de fato, os horários de Maria Flor eram muito estranhos. e ela nunca mais conseguiu dormir antes de uma da manhã. é, só que esse tipo de coisa acontece, inclusive com gente que nunca mudou de fuso-horário. se bem que, quando ela chegou, dormir era quase impossível. ela sabia que cedo ou tarde as razões de sua partida bateriam à sua porta, mostrando que ela estava certa. e não podia partir de novo e teria que enfrentar tudo. então, quando acontece de não conseguir dormir antes das três, ela se lembra daquelas primeira semanas esperando até a notícia de sua volta chegarem aos ouvidos de Paulo. nesse período havia um motivo para a insônia. agora, só existia a insônia. as coisas pareciam ter se acomodado, eles conseguiram se adaptar à nova situação. mesmo assim, quando a insônia se fazia presente, Maria Flor não conseguia deixar de acreditar que ainda existia aquele motivo. Maria Flor conhece o fardo que é amar alguém que esperava tanto dela e criava tantas expectativas - que nem eram expectativas em si, mas apenas, como ele mesmo sabia, frustrações esperando para acontecer. Maria Flor foi embora depois do incidente. ela sabia que Paulo precisaria mais dela do que ninguém jamais precisou. e ela gostava muito dele para se submeter a isso. gostava dele e não queria encarar o fato de que corresponderia às suas expectativas apenas porque agora ele se encontrava paraplégico. entre se negar a ajudar alguém que amava incondicionalmente e criar uma falsa compensação pela má sorte dessa pessoa, Maria Flor preferiu sumir. e dentro de sua lógica estava ajudando Paulo dando a única compensação que seria verdadeira: a ausência. durante dois anos Maria Flor percorreu o mundo. o único contato que mantinha era com seus pais através de cartas esporádicas que continham sempre uma solicitação enfática para que o conteúdo não chegasse às rodas de conversa. e quando voltou, passaram-se dez meses até que, finalmente, ela e Paulo se reencontrassem. no dia em que recebeu a primeira mensagem dele, seis semanas e dois dias após sua chegada, Maria Flor marcou aquela hora. ela já sabia que Paulo usaria os primeiros quinze minutos passados de uma da manhã para, praticamente todos os dias, entrar em contato com ela. e nos últimos cinco anos tem se valido de memos para o celular, e-mails, serviços de recado e até pizza para deixar clara a ligação entre os dois. e mesmo quando nada disso surge na madrugada de Maria Flor, ele sabe que ela está pensando nele.
domingo, julho 17, 2005
tema e forma
e lá se vai mais um final de semana. o interessante é que faz tempo que não tinha um final de semana como esse. recentemente passei um período sem sair muito, por vários motivos que não vêm ao caso agora. talvez isso ajude no fato desse final de semana ter sido diferente. mas tipo, semana passada meu final de semana foi bem agitado... enfim.
na sexta eu saí de casa seguindo aquela filosofia "na dúvida, vá", aí fui pra uma festa lá em água fria. a festa não foi ruim, para uma festa que também era uma exposição de artes (e eu me sentia em uma grande instalação). havia pessoas legais por lá, a seleção musical muito me agradava, era definitivamente um lugar diferente (embora o clima não fosse tão diferente assim), só que... o tempo todo eu tentava descobrir o motivo de eu estar ali. bom, é verdade, tinha um motivo, mas que depois se mostrou um motivo muito frágil. então, aconteceu aquela coisa que foi a mais importante da noite: voltar para casa. e fazia tempo que eu não me encontrava numa roubada como a de andar pelas ruas de água fria em busca de um táxi. com Flávia e Sil falando o tempo todo que íamos ser assaltados (ou coisa pior, já que rolou até uma conversa interurbana de adeus) e Deco dizendo para elas se acalmarem. e foi aí que eu lembrei da regra de ouro da roubada: aceitá-la com tudo que ela pode trazer, mas sempre manter a calma; fingir para si mesmo que é algo bastante aceitável e normal. e depois ficou a história, tanto que tive que ouvir que foi a maior loucura do mundo (para mim loucura teria sido ficar lá... existem pessoas sem carro no mundo e elas têm o direito de sair, e têm seus motivos para andarem até a avenida Beberibe, acreditem).
então, teve o sábado. que foi de fato a parte boa. porque teve o aniversário do Pajé, comemorado em uma enorme mesa (que não era suficiente para acomodar todos) lá no Central. lá também estava, em outra mesa, Laura, com quem eu nunca tinha conversado ao vivo antes. foi legal encontrá-la. a partir daí, com novos e velhos amigos, que começou um certo clima nostálgico. talvez a guerra de guardanapos tenha sido um catalisador. então teve Nina Simone e o inevitável papo sobre Antes do pôr-do-sol (que, eu já falei aqui, marca a passagem do tempo de um período da minha vida).
depois ainda saí com Mara e Marina, e o Pajé veio com a gente. o que foi a coisa mais legal, porque eu não me lembro da última vez que fiz alguma coisa desse tipo com as meninas. o engraçado é que elas normalmente estão nos mesmo lugares que eu freqüento, mas, por causa dessas coisas da vida, a gente normalmente só se cumprimenta e tem uma conversinha rápida. e foi legal, porque é um exemplo de como as ligações entre as pessoas nunca deixam de existir. tipo, fiquei feliz de ter conversado com Marina, porque a gente foi tão próximo uma época e eu pensei que tudo tinha se perdido. foi legal ter ido dançar e falar besteira com Mara, Marina e Pajé lá no Panquecas e acabamos encontrando com Ernesto, que tinha estado no Central também. eu só o conhecia ele dos corredores da faculdade e alguns amigos em comum, mas também ajudou a aumentar o clima nostálgico. que foi sacramentado por uma seqüência clichê de hits dos anos 90 (com direito a Mr. Jones e Come as you are). e tipo, teve até Epic do Fatih No More. devia fazer fácil uns doze anos que eu não ouvia essa música em uma festa.
a gente ainda foi pro garagem e conversamos sobre várias coisas, até sobre festinhas do passado. também vimos umas pessoas dançando no meio da rua ao som de uma música que vinha de um carro, mas que praticamente só eles ouviam. Flávio Pessoa fez uma consideração importante: o garagem estava cheio e não tinha quase ninguém conhecido. e o Pajé emendou: pelo menos assim dá a impressão de que Recife não é um ovo.
terça-feira, julho 12, 2005
isso são horas
são três da manhã de um sábado em que ela escolheu não sair, apesar de todos os insistentes convites. "poxa, é que eu não tô afim mesmo" e antes de desejar que todos se divertissem ela explicava: "peguei um filme e vou fica aqui no sofá assistindo". Maria Flor está deitada no chão olhando para o teto a meia luz. havia assistido Rebecca - a mulher inesquecível, está nessa fase Hitchcock, sem saber que logo será levada por Davi a uma fase John Carpenter. ela colocou End of The Century para tocar, coisa que não fazia havia tempo, o que não deixa de ser um sinal da influência de Davi na sua vida. porque ela nunca tinha imaginado ser possível duas pessoas discutirem sobre qual o melhor disco dos Ramones. então, o telefone toca. Maria Flor atende. "eu sei que já é tarde e não devia estar ligando a essa hora, mas é que eu precisava conversar contigo". a pessoa do outro lado da linha, talvez imagine, mas não pode ver o sorriso terno que surge no rosto de sua interlocutora. Maria Flor já está acostumada. "cedo ou tarde você ligaria".
domingo, julho 10, 2005
de quando um jovem homem é levado a cometer coisas estarrecedoras
duas semanas antes ele havia baixado as músicas de uma cantora em mp3 pela internet. provavelmente nem ouviu tudo. então teve toda a sucessão de acontecimentos que foi dar nisso. uma coisa não tem necessariamente a ver com a outra. mas aí chega alguém e diz maldosamente: - era de se esperar. só alguém muito estranho para ter todos os discos de Kate Bush.