domingo, agosto 10, 2003

Poxa! Não é bem isso exatamente. Talvez se eu soubesse explicar eu não precisasse fazer. Não é isso que as pessoas fazem? Elas tentam racionalizar uma coisa pra depois não precisarem fazer... tipo tanto faz se elas fazem ou não. A coisa meio que já existe, sabe? Tá. Vou tentar explicar melhor... Não... Eu não consigo explicar melhor. Mas é tipo quando você precisa de um exemplo para expor algo. Se você já tivesse exposto esse algo de uma forma racional e clara, não precisaria do exemplo. Eu sei, pô. Os exemplos podem ser legais. Não estou dizendo que são perda de tempo... Mas num caso, digamos, ideal como este, não faria diferença o exemplo. Concorda? O louco é que tem certas coisas que não têm um exemplo concreto. Aí você torce para que as pessoas façam o mesmo percurso que você pra que possam entender exatamente a questão...

Ah! Esquece! Não. Tudo bem. Esquece, pô. Eu não vou saber explicar. E você não vai entender. Não!! Culpa minha de não saber explica. E seria culpa minha também de esperar que você pudesse ter uma compreensão desse tipo. Porra! Não. A maioria das pessoas não têm. Aliás, eu nem cheguei a conhecer alguém que tivesse. Por isso, relaxa.

Tem uma coisa. Vou pegar aqui para você ver. Tá aqui:

Existe ainda a tentação oposta e equivalente de olha para o mundo como se fosse uma extensão do imaginário. Isso algumas vezes também aconteceu a A., mas ele recusa a aceitá-lo como solução válida. Assim como todo mundo ele busca um sentido. Como todo mundo, sua vida é tão fragmentada que, toda vez que vê uma ligação entre dois fragmentos, fica tentado a procurar um sentido nessa ligação. A ligação existe. Mas lhe dar um sentido, olhar além do mero fato de sua existência, seria construir um mundo imaginário dentro do mundo real, e A. sabe que isso não se sustentaria. Em seus momentos mais corajosos, ele adota a ausência de sentido como o princípio primordial, e depois compreende que sua obrigação é ver o que está à sua frente (embora esteja também dentro dele) e dizer o que vê. Está em seu quarto na rua Varick. Sua vida não tem nenhum sentido. O livro que escreve não tem nenhum sentido. Existe o mundo, e existem as coisas que a pessoa encontra no mundo, e falar sobre elas é estar no mundo. Uma chave quebra dentro da fechadura e alguma coisa aconteceu. Ou seja, uma chave quebrou dentro da fechadura. O mesmo piano parece existir em dois lugares diferentes. Um jovem, vinte anos depois, acaba morando no mesmo quarto onde seu pai enfrentou o horror da solidão. Um homem encontra seu antigo amor em uma rua de uma cidade estrangeira. Isso só significa aquilo que é. Nada mais, nada menos. Depois, ele escreve, como na frase: "ele escreveu O Livro da Memória neste quarto".


É incrível. Tanta coisa e cada uma desperta sensações diferentes em cada um. Mas no fundo, dá no mesmo. Acho que por isso identificar-se não é algo assim tão difícil de acontecer. Ok. Eu digo isso por mim.

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