Violência para encarar a vida. Às vezes só dessa forma mesmo para aguentar. Ontem eu dei um soco no estômago da vida. E depois que precisou tomar ar eu derrubei no chão e dei dois chutes. A partir daí tudo pareceu mais suportável. Mas não porque estivesse ficado mais leve ou mais lógico. Eu apenas aceitei que iria viver aquela atmosfera non-sense. A vista do alto era bonita, mas é mentira. Tudo do alto parece melhor. Mais distante. Menos ofensivo. Então é só fingir que está flutuando. Que está em algum lugar acima da sua cabeça. Aí você pode ver tudo de outra forma. Até as conversas que seriam um desastre passam a ser só aquelas coisas da vida, sabe? Desastres da vida também. Só que você ri. Você entreouve conversas e entende tudo. Eu vi tudo isso. Ora, se antes ela reclamava, um dia antes, e acontecia essa coisa que parecia impossível no meio das angustias, eu acho que só podia estar num universo paralelo. Ai é que tá! A vida é cheia de universos paralelos. E eu falando aqui da minha vidinha hétero (aliás, pretensamente hétero porque é meio óbvio que seja assexuada). Viu só? De repente eu posso até falar de sexo. E sabe? A culpa é daquela menina alta de vestido preto que ficava olhando pela varanda, rindo do nada, balançando a cabeça no ritmo da música. Como é ver as coisas daí de cima? Você nunca vai me conhecer, só que eu já conheço você muito bem. Na verdade, eu quem criei você. Sinto e sinto muito. De verdade, esse sempre foi o problema. Mas eu lamento. Eu que criei você. É verdade que tantos outros devem ter criado também, e você inevitavelmente se cria. E faz isso muito bem. E não veja isso como uma cantada absurda que eu não tive coragem de fazer. Não é sobre você... muito menos sobre mim. É sobre essas coisas todas que eu não sei explicar e crio pessoas para relacionar com elas. Se incomoda, eu peço desculpas. Não posso fazer mais nada. Agora é com você.
domingo, abril 06, 2003
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