quarta-feira, julho 16, 2003

Mas eu gostei do filme exatamente por isso. Reconheço que a seqüência do deserto é meio longa. Mas tirando isso, e talvez os três atores principais que não são lá muito carismáticos - embora isso não seja tão relevante pro filme, seria legal que fossem, mas não é crucial. Bom, tirando isso, foi um dos melhores filmes de heróis que eu já vi. Não, não sou muito fã de quadrinhos, não que ache ruim, mas simplesmente não vou atrás. O contato anterior com Hulk tinha sido na série de TV - que talvez tenha virado a imagem básica do Hulk para a grande maioria e por isso muita gente estranha aquela coisa de 4,5. Mas a questão não é simplesmente comparar, é, antes, ver como o diretor recria o personagem e como ele usa isso no desenvolvimento do filme. Não sei. Eu conversei com dois fãs dos quadrinhos e eles acharam que eram fiel. Um deles concordou comigo que o cara conseguiu fazer um filme autoral em cima de uma temática pop e acrescentou que fez isso sem mudar muito a premissa do personagem, como Tim Burton fez de Batman um filme autoral, mas dando ao personagem uma visão muito pessoal que chateou muita gente. Falar nisso, Tim Burton foi também alvo de outra comparação, e mais injusta, com a refilmagem de Planeta dos Macacos. Ele quis reinventar a história e todo mundo ficou puto da vida porque o filme tinha pouca coisa do original, como se a gente devesse ficar eternamente fazendo críticas à corrida nuclear, como se ele não pudesse representar no filme uma questão que em todos os filmes dele está presente, que é o lance de ser estranho numa sociedade "normalizada". E o cara dá contornos políticos e faz referências a conflitos étnicos e faz um filme extremamente irônico pelo fato de ser um filme de estúdio, só que o máximo que dizem é que a versão original é melhor. A princípio são dois filmes que nem deveriam ser comparados dessa forma, pois o primeiro segue a linha da ficção científica e o segundo é uma aventura fantástica. Tá, pode vir fazer demonstrações físicas e provar que a história do filme é impossível de acontecer, quando na verdade o filme cria uma lógica que a torna verossímel... Pode vir com Newton que eu saco Umberto Eco. Por isso acho que nunca vamos poder discutir algo nesse sentido. O lance dos paradigmas é muito diferente e tal... Mas se quer saber, aquela cena já no final de Hulk que o filho e o pai ficam frente a frente sentados com o exercito observando, tem uma construção muito complexa e é uma das mais intensas... acontece que pode ser conversa demais pra um filme de ação... só que eu não achei Hulk um filme de ação... pelo menos não como se costuma fazer.

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