sexta-feira, setembro 22, 2006

E, então, eu vi o Tortoise

Foi na segunda noite do No Ar Coquetel Molotov 2006. Claro, antes rolaram outras coisas. E o festival esse ano trazia muitas atrações por dia, o que tornou tudo uma maratona cansativa. E Tortoise foi a última banda. E ao longo da noite parecia que a ficha não ia cair. Era uma expectativa grande para ver uma das bandas da minha vida, mas ao mesmo tudo isso não causava ansiedade... eu ia ver Tortoise e tudo bem. E eu vi Tortoise antes da maioria das pessoas. Quando cheguei ao Centro de Convenções da UFPE, pensei que chegaria já no meio da sessão dos curtas que Daniel e Juliano selecionaram em nome da Símio Filmes. No entanto, eu cheguei lá e a salinha ainda estava sendo arrumada com seus puffs e iluminação e sistema de som e os suquinhos que uma ruiva distribuía junto com outra garota que também dava chocolates. E chegou o momento que alguém precisava anunciar, via sistema de som, que ia começar a mostra. Aí surge Vivi dizendo que Jarmeson não estava por lá e que as meninas não gostam de fazer o tal anúncio e perguntou se eu poderia faze-lo. Claro, não ia ser nada demais e eu ainda tive a oportunidade de conhecer os bastidores do teatro. Nessa hora justamente o Tortoise passava o som.

Então teve a mostra de filmes com coisas bem legais tipo Meu nome é Paulo Leminski, Fast Film e Quero ser Jack White. Aí depois rolaram os shows. Hrönir trouxe uma apresentação que eu não sei bem explicar, mas conseguia criar climas interessantes e atingir freqüências difíceis de suportar. Debate eu não vi direito, porque a sala estava cheia e o som estava alto, depois da primeira música, saí e voltei justamente na última. Teve o Chambaril, com uma apresentação muito boa, mas que teve seus problemas com equipamento. Com direito a Costinha e onda do gueri gueri nas projeções. Aí começaram os shows no palco principal. Vi Barbis e Valv lá do balcão. A primeira tem lá sua graça, mas cansa por vezes. A segunda fez um show bem empolgado e o vocalista destacou varias a importância de estarem tocando numa estrutura como aquela. Móveis Colônias de Acaju foi um verdadeiro fenômeno de massa, tinha até gente com faixa na platéia, gente cantando as músicas, isso de uma banda que a exposição máxima na grande mídia foi uma aparição no MTV Banda Antes, a galera se instigou um bocado, eu achei bem legal, mas preferir apenas observar. E Rubin Steiner parecia ser bem mais legal do que realmente foi. A música do cara era interessante e ele tinha uma presença de palco boa, mas o show não chegou a deslanchar.

Então teve o Tortoise. Antes do começo do show todo mundo procurava os melhores lugares, começava um pouco de ansiedade. E aí o show começou tenso, porque algumas pessoas não sabiam se iam ver em pé ou se iam sentar. E as vezes parecia que um monte de gente só estava ali por estar. Mas já no final da segunda música dava para perceber que show fantástico todos estávamos vendo. Que os caras tocam muito, acho que dá pra sacar pelos discos, mas que o show deles é algo extremamente poderoso e dinâmico, só vendo mesmo pra perceber. Também vale destacar que o Tortoise consegue chamar a atenção de um leque enorme de gente. De doidão a mombojete, muita gente estava realmente interessada em ver os caras. E se a platéia não parecia estar respondendo ao show foi porque estava atenta. Os caras trocam de lugar no palco e de instrumento com freqüência e as vezes não dá para acreditar que estão fazendo tudo aquilo lá na frente. Um gravão potente provocava arrepios. E teve um momento em que tocaram uma das músicas mais belas dele ?I set my face on the hill side?... foda!

E depois que tudo acabou, voltar a realidade. Já era quase de manhã e mesmo sendo domingo, existem compromissos. Sei que acabei conhecendo algum dos caras do Tortoise e confirmei uma impressão que tinha deles, são pessoas que gostam de música, que gostam de conhecer outras coisas, que sabem a importância das composições, as deles inclusive, na vida das pessoas e por isso mesmo são pessoas bem normais. Fiquei feliz porque pude dizer a eles que eles precisavam ouvir Itamar Assumpção e porque descobri que Dan Bitney gosta de Roberto Carlos e é fascinado pelos teclados de Laffayette.

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