terça-feira, setembro 17, 2002

Mais uma vez... a cidade

Sobre andar na rua e perceber quem passa ao seu lado. Mesmo observando aquele sujeito magro, caminhando com certa leveza e centramento, segurando um arco, desses de prender os cabelos, com a canhota, não seria capaz de imaginar que ele fosse capaz de fazer algum mal a alguém. Mas é possível que ele tenha feito. E talvez não tenha estado certo da decisão que tomara, mas caminhava com decisão. Talvez pensasse em outra pessoa que andava, em outra rua, que alguém pode ter percebido abatida. Ou ninguém percebeu nada, pois ela sabe esconder muito bem os sentimentos, poderia ser facilmente confundido com alguma expressão de fadiga, se é que não era fadiga em si. Ou ninguém percebeu por estarem todos preocupados com seu problemas, afinal é um trânsito caótico àquela hora, e ainda tem as contas a pagar e o prazo final para o envio de documentos está se aproximando. O horário de visitas termina em pouco tempo e se não se apressar a família vai ficar muito brava, mesmo que se possa fazer isso amanhã, mas é mais atencioso se fizer hoje. E essa é a última viagem que o ônibus faz hoje, depois, outro vem substituir; então, algumas horas de folgas para voltar para casa, comer, ver o jornal, a novela e dormir. Amanhã tem mais.

Pessoas não são boas, mas ainda assim é preciso contar com a boa-vontade dos estranhos. E quando se anda nas ruas, é preciso saber o que perdoar. E se arrepender sempre. Sempre! Sempre que quiser. É um direito inegável. À todas as coisas, suas conseqüências. A todos os recipientes, sua respectiva capacidade líquida. A todas as pessoas, suas devidas ruas. Suas projeções. O mundo que elas criam ao redor. E impõem à realidade. À realidade... paciência.

(texto vergonhosamente copiado de observações alheias de outras realidades... estamos trabalhando para o restabelecimento normal das atividades)

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