quarta-feira, outubro 30, 2002

Tudo isso é um simulacro. Desde as questões mais básicas; o próprio título, por exemplo, tenta convencer de que o que há aqui é uma conversa quando na verdade não existe nem mesmo um interlocutor centrado; até às questões mais complexas, como o conteúdo: muitas das coisas ditas aqui servem para marcar posições e muitas vezes são ditas para mostras posições divergentes, simulando antagonismos.

Ora, por que insistir na “ausência” de design, quando tudo que isto que provar é um pretenso desprezo pelo próprio design, voltando-se para uma estética minimalista que só serve para realçar a performatividade visual? Tudo é um simulacro. Até esta confissão. O que quero exatamente com isso? Desacreditar o que escrevo aqui? Claro que não! Quero salientar – mascarar cairia melhor – a importância que dou ao que publico ao longo deste tempo.

Não. Isto não é uma crise. E se fosse só serviria para esconder o que ocorre de verdade. Mas não trato aqui da realidade? Sim, diria prontamente. Mas não simplesmente da realidade, antes de uma hiper-realidade. Algo auto-referente e auto-consciente, que acontece de acordo com os efeitos que pretende provocar.

Não posso culpar qualquer pessoa por se sentir traída depois disso tudo. Mas, pensemos e sejamos sinceros, não é também um simulacro o fato de vir ler o que ‘exponho’ aqui? Minhas opiniões e meu cotidiano não teriam tanta atenção numa perspectiva meramente real. Mas, publicados aqui, ganham um ar sofisticado – da derivação de sofisma. Este é o acordo, ou o simulacro, em torno das verdade não- espontâneas colocadas aqui.

Alguém sabe o que Alice encontrou através do espelho?

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